domingo, 11 de setembro de 2011

AMONDAWA

AMONDAWA







Na Amazônia de hoje, um grupo indígena, poético talvez, não ligaram o nome ao tempo: Nova filosofia descortinou.

Se a vida é feita de fases, lá, em cada fase, de cada homem, vejam bem: a cada uma se atribui um nome. Só o ente muda de nome, em cada fase ele se nomeia e o tempo de passagem fica fixo, não muda o tempo, não muda o ser, somente muda o homem com seu nome.

No nosso mundo, de leis tão fixas, apenas Pessoa ousou, nos heterônimos, ter um nome a cada estado de espírito, mostrando que um só nome, prevê imutável o homem, o que não conviria aos vôos dos pensamentos.

 Kant é o exemplo, de gênio que era, grudando seu nome no tempo, fez regras, ótimas regras, que ficariam imutáveis como foi seu dia a dia seguindo a fusão nome-tempo.

A mulher ao casar, muda o tempo, muda o nome: Sra. Tal, na sociedade moderna, onde o outro gera suspeita, o nome não mudado, não fantasia e não viaja. É sem coesão.

Hoje, nome batismal é de documento, de pequeno é neném passamos pra Tato ou Tatá e depois com diminutivos, cognomes, apelidos, passamos cada dia. O nome de batismo, quando é pronunciado, uma bronca se anuncia. Se a sociedade pede um nome único, pede o não viver, estaciona o tempo.

Uma pergunta: É o nome que marca o tempo, ou o tempo marca o nome?

O nome é nosso orgulho e nossa limitação, sempre que o pensamos triunfante, a sociedade nos põe de operários anônimos. Pelo nome se fizeram guerras, raptaram Helena, a bela mulher semi Deus, mas Tróia caiu: com ela seu nome,desapareceu, como o de Ulisses e Aquiles; Eurípides não teve outra guerra.  Fim da história, apenas passou. Sobraram pergaminhos, mas milhares de poetas, que buscando a glória guerras que narraram viraram pó com seus escritos, viajando as profundezas das trevas junto com suas trovas.

Sem nome, ah! Sem nome. Em São Paulo nos anos setenta, no Bar Sem Nome, a juventude revolucionária, entre goles, se reunia. Quando deram um nome ao boteco acabou a revolução. Só se muda o que não tem nome, o nome dado é imutável. Um nome implica o Outro, e o outro é existente, imutável, é presente.

Meu nome tem consigo um Super ego, que sempre imutável no tempo, fala sem parar; obsessivo, repito, parado no tempo, os mesmos movimentos. Fixado a um momento meu corpo envelhece, mas cego não vejo que o nome parou o tempo e me mumifiquei. Quero meus versos novos, sem me prender a nenhuma regra. Poder variar como cada gota de chuva batendo diferente em cada folha da floresta, sem tempo e sem nome, só com sensações, e solto de todas as regras, viver só em sensações apenas

Mudando o nome do samba:- sem Tempo, sem documento.







TONY POETA  23/05/2011

Um comentário:

  1. 14/12/2011 Segundo Ricoeur o eu so passa ao si e a alteridade atraves da historia de cada um, a não formação de uma historia, como os Amondawas, os deixa só com o Eu e a relação estaciona numa sociedade primitiva, ainda não como a humana que temos hoje. No texto senti isto (não tinha lido ainda) e a preservação e estudo desta sociedade é importantissimo.

    ResponderExcluir