terça-feira, 13 de setembro de 2011

MARCELA

                      



Invasivo,

Vem a galope.

É terra que corre,

Devora,

Consome.

A flor desmaia,

Desabrocha

Disforme.

É a morte.

É ela.



No meretrício

Um grito:

-Meu filho!

Uma flor partiu,

Um filho da puta se foi...

Mas era criança.

Sorria,

Que nem criança.

Vivia.

Vivia como criança,

Era antes de tudo

Uma criança.



Foi num coito,

Entre falso gozo

E forjada orgia,

Entre amor vendido

E carinhos profissionais

Que houve a pausa

Na comédia sexo-ternura.

Foi um grito.

Um som apenas.

E existia.



A noite continuou...

A cafetina fechou as portas

Não se esquecendo de cobrar os fregueses,

E saiu ao velório...

E xingava.

O freguês decepcionado,

Bravo pela interrupção

Vestiu a roupa,

Procurou outra casa.

As mulheres,

Das casas ao lado

Chegaram tímidas para ver o acontecido.

Falaram: Credo!

Voltaram ao faturamento.



E a mãe mulher,

Depois de muito,

Uma vez mulher,

Uma vez mãe,

Chorava.

Era um vazio de partida,

Um grito surdo,

Um canto a morte.

Mais uma vez era morta.

Não existia.

Era apenas um canto repentino,

Uma interrupção,

Uma variante

Que no outro dia,

Fazendo sala,

Fingindo sexo

Apagar-se-ia.

Pois fora a morte

E, a morte se fora.





11/06/1970










Nenhum comentário:

Postar um comentário