Invasivo,
Vem a galope.
É terra que corre,
Devora,
Consome.
A flor desmaia,
Desabrocha
Disforme.
É a morte.
É ela.
No meretrício
Um grito:
-Meu filho!
Uma flor partiu,
Um filho da puta se foi...
Mas era criança.
Sorria,
Que nem criança.
Vivia.
Vivia como criança,
Era antes de tudo
Uma criança.
Foi num coito,
Entre falso gozo
E forjada orgia,
Entre amor vendido
E carinhos profissionais
Que houve a pausa
Na comédia sexo-ternura.
Foi um grito.
Um som apenas.
E existia.
A noite continuou...
A cafetina fechou as portas
Não se esquecendo de cobrar os fregueses,
E saiu ao velório...
E xingava.
O freguês decepcionado,
Bravo pela interrupção
Vestiu a roupa,
Procurou outra casa.
As mulheres,
Das casas ao lado
Chegaram tímidas para ver o acontecido.
Falaram: Credo!
Voltaram ao faturamento.
E a mãe mulher,
Depois de muito,
Uma vez mulher,
Uma vez mãe,
Chorava.
Era um vazio de partida,
Um grito surdo,
Um canto a morte.
Mais uma vez era morta.
Não existia.
Era apenas um canto repentino,
Uma interrupção,
Uma variante
Que no outro dia,
Fazendo sala,
Fingindo sexo
Apagar-se-ia.
Pois fora a morte
E, a morte se fora.
11/06/1970
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