sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MUDEZ

                                   



Eremita forçado pelo destino,

Seguindo em sombra, na ânsia da procura,

Nos vultos negros [disformes abantesmas]

Tento em vão achar cativo,

A cor, no meio da manta escura

Que se arrasta ao céu, como amorfas lesmas.



No meio da solidão que lhe agita,

Em gritos surdos e ecos inexistentes,

Olha-se introspectivo, prosta-se e chora,

Vê que a solidão que esconde, crepita

Na necessidade de ser, de falar e ardente

No peito surdo queima gritando e apavora.



Um jogo de xadrez monótono. Hesita!

Pião casa por casa, ataca timidamente,

É lento o passo, cada jogada demora

O tempo exato para alimentar a dor que habita

Na inconstância da jogada á frente,

Como bomba que nem jogada estoura



Bispos e cavalos, correndo ao vivo

Nas casas brancas e pretas [ventura e desventura ]

Não se juntam. Está longe, incomunicável pena,

Que no balé saltado, perdido, esquivo

Saíram da melodia e numa só nota, numa figura

É um todo, sendo solitários apenas.



09/06/1970


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