Respeitai aquele que sozinho um dia
Partiu ao encontro de um mundo melhor.
Reverenciai a fonte imóvel e fria,
Que já não acusa o menor temor
Ante a dinâmica da natureza.
Agora é mudo o mundo, nada o abala,
Nem o riso, nem tampouco a tristeza,
É à noite sem fim que o cobre e agasalha.
Na verdade, pai e mãe já teve um dia
Amparando-o na doçura infantil,
Já sorriu, tal como nós, de alegria,
Entusiasmou-se num deleite pueril.
Sonhou, e também alimentando os sonhos,
Amou como nós: venerou o amor,
E seus lábios, muitas vezes risonhos,
Ergueram a Deus, preces com fervor.
Ele é nós e, como a ele somos iguais
É a mesma massa humana que viveu
Sob o clarão de idênticos ideais.
Mas, se só e ao desamparo pereceu
E é o anfiteatro seu ninho derradeiro,
Admiremo-lo ofertando-lhe agora,
O que lhe ofertariam seus companheiros
Que o ampararam na existência de outrora.
É ele nosso mestre, e numa mesa
Seu corpo é todo saber, ilustrado
Na perfeição própria da natureza.
O fado da morte será atrasado a outros
Pois suas lições salvarão vidas.
Seu saber também criará nossas crianças,
Que um dia desta Pátria serão guias,
Frutificando nossas esperanças.
Se credes em Deus, reza agradecendo
O homem sem nome que o corpo utiliza,
Se não credes, venere-o, fazendo
Aquilo que julgais a maior nobreza.
Mas jamais esqueçais em vossa vida que
O ser que foi só ao leito da morte,
Que ficou numa mesa sem guarita
Possibilitou a muitos melhor sorte.
Marília 21/11/1968
Poema lido na 1° missa do Cadáver da Faculdade de Medicina de Marília e
Repetido anualmente. Não sei se depois permaneceu.
POEMA AO CADÁVER
Respeitai aquele que sozinho um dia
Partiu ao encontro de um mundo melhor.
Reverenciai a fonte imóvel e fria,
Que já não acusa o menor temor
Ante a dinâmica da natureza.
Agora é mudo o mundo, nada o abala,
Nem o riso, nem tampouco a tristeza,
É à noite sem fim que o cobre e agasalha.
Na verdade, pai e mãe já teve um dia
Amparando-o na doçura infantil,
Já sorriu, tal como nós, de alegria,
Entusiasmou-se num deleite pueril.
Sonhou, e também alimentando os sonhos,
Amou como nós: venerou o amor,
E seus lábios, muitas vezes risonhos,
Ergueram a Deus, preces com fervor.
Ele é nós e, como a ele somos iguais
É a mesma massa humana que viveu
Sob o clarão de idênticos ideais.
Mas, se só e ao desamparo pereceu
E é o anfiteatro seu ninho derradeiro,
Admiremo-lo ofertando-lhe agora,
O que lhe ofertariam seus companheiros
Que o ampararam na existência de outrora.
É ele nosso mestre, e numa mesa
Seu corpo é todo saber, ilustrado
Na perfeição própria da natureza.
O fado da morte será atrasado a outros
Pois suas lições salvarão vidas.
Seu saber também criará nossas crianças,
Que um dia desta Pátria serão guias,
Frutificando nossas esperanças.
Se credes em Deus, reza agradecendo
O homem sem nome que o corpo utiliza,
Se não credes, venere-o, fazendo
Aquilo que julgais a maior nobreza.
Mas jamais esqueçais em vossa vida que
O ser que foi só ao leito da morte,
Que ficou numa mesa sem guarita
Possibilitou a muitos melhor sorte.
Marília 21/11/1968
Poema lido na 1° missa do Cadáver da Faculdade de Medicina de Marília e
Repetido anualmente. Não sei se depois permaneceu.
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