Noite
Chuva.
Que anjos é que vem?
São sombras
Nos pingos
E luzes das ruas
Em cores excêntricas
Desmaiam no asfalto.
Cantam,
Levantam
Pulam
Balbuciam
S’espantam
Resvalam
E s’expraiam
Na torrente
Da enxurrada
Nas sarjetas
Gotas afobadas.
Enciumadas
Em disparada
Lançam-se:
É busca abobada
De alvo ignoto
No negro da noite...
É gota de álcool
Perdida nas vísceras
Sem atingir o espírito
E afogar as mágoas.
Na embriagues,
Corpo cambaleante,
As gotas correndo
O cérebro girando
O álcool queimando
O sangue fervendo
A água gritando
A mente fugindo
A água buscando...
O buscar ou fugir...
O viver ou morrer...
Do ser ou não ser
Do contexto
A dialética.
26/08/1970
Nenhum comentário:
Postar um comentário