Caminha...
Fátuo caminha,
Caminha nas ondas
No verde,
No azul...
Fátuo
Fácil
Folga
Firme
Fortalecido.
Tudo é obvio,
O mundo lhe é uma caixa
Completamente oca
Onde os sonhos são acumulados.
Fátuo põe sonhos
Em camadas
Eles são poeiras
Sonhos poeirentos
Em arestas de sol...
Eloqüentes!
Inventos comoventes!
E é sonho
Sobre sonho
Superpostos
Sobrepostos
Dispostos...
Sobre o chão
Cor de ouro,
Feito em ouro
Adubado em prata
Levanta-se de platina
O pomar com folhas de ônix,
Frutos de madrepérolas...
E o chão é viçoso!
E plantas
Principiam plantas
Principescas
Grotescas...
E a estrada é pop,
Nunca leva...
Para que levar?
Seu fim se alterna
Seu pop se move
Ora indo a castelos de biscoitos,
Ora a prostíbulos puros...
Os locais alternados
Fátuos fins
Do jovem Fátuo.
No portal prostibular
Permanece prostituta exemplar.
Fátuo ama a prostituta.
O castelo
Cravado na rocha
Cravejado no vale
Que é de cristal
É sonho e vida.
O pomar
Perfeito
Perfumado
Florido
Tem frutos doces...
A caixa poeirenta é reino mutável.
Cai poeira
Capoeira agitada
Confronto gigante
A caixa aumenta...
Há uma sinhá
Pega as mãos de Fátuo
Entre poeiras
No meio da caixa
O encaminha...
A prostituta é amor
Compra colorida
Dentro da caixa
Orienta
É outra aresta
Outra cor...
O mini reino
De fátuo sonhante
Começa a crescer...
Muito cresce...
As mãos da sinhá
Os beijos da meretriz
Se embaçam na poeira.
Fátuo corre muito
O dia todo
Não percorre
Toda caixa...
O reino é grande
Grande ilha
Cercado de mar,
O mar é vermelho.
Vermelho!
É fogo!
O vermelho do mar
Num dia vermelho
Fogo
Fogueira
Falsa
Feiticeira...
Sinhá queima a mão
Cai a marionete.
Fátuo é no fogo!
As chamas o cercam
Os gritos correm
Ninguém os escuta
As chamas avançam
O fogo se alastra
Consome.
Os beijos da prostituta
Feitos de álcool
O fogo atinge.
Eles não mais existem.
Prostituta e sinhá
Viram poeira
O vento as leva.
Nadando nas chamas
Surgem escorpiões
Fátuo corre
Escorpiões correm
A carne de Fátuo
Que era azul
Recebe mordida.
Castelo,
Árvores
Pássaros
Sonhos viram aranhas
Mordem o menino azul
Necrosam em cada mordida
Caem pedaços
Viram poeira
Que o vento leva.
Fátuo chora...
As lágrimas viram poeira
O vento leva...
Fátuo chora
Chora poeira
Ele é poeira
Que o vento leva.
21/10/1970 Apresentada no GETAM
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