segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ÚLTIMOS CANTOS DA ADOLESCÊNCIA.





Caminha...

Fátuo caminha,

Caminha nas ondas

No verde,

No azul...



Fátuo

Fácil

Folga

Firme

Fortalecido.



Tudo é obvio,

O mundo lhe é uma caixa

Completamente oca

Onde os sonhos são acumulados.

Fátuo põe sonhos

Em camadas

Eles são poeiras

Sonhos poeirentos

Em arestas de sol...

Eloqüentes!

Inventos comoventes!



E é sonho

Sobre sonho

Superpostos

Sobrepostos

Dispostos...



Sobre o chão

Cor de ouro,

Feito em ouro

Adubado em prata

Levanta-se de platina

O pomar com folhas de ônix,

Frutos de madrepérolas...

E o chão é viçoso!



E plantas

Principiam plantas

Principescas

Grotescas...



E a estrada é pop,

Nunca leva...

Para que levar?

Seu fim se alterna

Seu pop se move

Ora indo a castelos de biscoitos,

Ora a prostíbulos puros...

Os locais alternados

Fátuos fins

Do jovem Fátuo.



No portal prostibular

Permanece prostituta exemplar.

Fátuo ama a prostituta.



O castelo

Cravado na rocha

Cravejado no vale

Que é de cristal

É sonho e vida.



O pomar

Perfeito

Perfumado

Florido

Tem frutos doces...



A caixa poeirenta é reino mutável.



Cai poeira

Capoeira agitada

Confronto gigante

A caixa aumenta...



Há uma sinhá

Pega as mãos de Fátuo

Entre poeiras

No meio da caixa

O encaminha...



A prostituta é amor

Compra colorida

Dentro da caixa

Orienta

É outra aresta

Outra cor...



O mini reino

De fátuo sonhante

Começa a crescer...

Muito cresce...

As mãos da sinhá

Os beijos da meretriz

Se embaçam na poeira.

Fátuo corre muito

O dia todo

Não percorre

Toda caixa...



O reino é grande

Grande ilha

Cercado de mar,

O mar é vermelho.

Vermelho!

É fogo!

O vermelho do mar

Num dia vermelho

Fogo

Fogueira

Falsa

Feiticeira...



Sinhá queima a mão

Cai a marionete.

Fátuo é no fogo!

As chamas o cercam

Os gritos correm

Ninguém os escuta

As chamas avançam

O fogo se alastra

Consome.



Os beijos da prostituta

Feitos de álcool

O fogo atinge.

Eles não mais existem.



Prostituta e sinhá

Viram poeira

O vento as leva.



Nadando nas chamas

Surgem escorpiões                        



Fátuo corre

Escorpiões correm

A carne de Fátuo

Que era azul

Recebe mordida.



Castelo,

Árvores

Pássaros

Sonhos viram aranhas

Mordem o menino azul

Necrosam em cada mordida

Caem pedaços

Viram poeira

Que o vento leva.



Fátuo chora...

As lágrimas viram poeira

O vento leva...

Fátuo chora

Chora poeira

Ele é poeira

Que o vento leva.





21/10/1970     Apresentada no GETAM
















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