quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

VAREKAI - CIRQUE DU SOLEIL - UM MUNDO A SER IMAGINADO


VAREKAI – CIRQUE DU SOLEIL -  UM MUNDO A SER IMAGINADO.







Ontem fui ao Cirque du Soleil assistir Varekai, escrito e dirigido por Dominic Champagne. O Cirque é um espetáculo onde os palhaços, o som, a luz, os acrobatas, trapezistas, narradores, malabaristas, são dispostos, pela imaginação poética do escritor, para viver uma história que aguçará a imaginação dos espectadores.

Portanto temos uma poesia representada. A estilística diz que poema é a apresentação visual de uma idéia do poeta, com lacunas a serem preenchidas pela imaginação e conhecimento de quem a vê. Creio que cada um verá com seus olhos, seu imaginário e sua concepção de natureza, este espetáculo de primeira grandeza.

O roteiro apenas nos diz: Um jovem cai do céu, numa terra fantástica com vulcões e personagens imaginários, daí para frente vale a apresentação, linda, e a imaginação. Tentarei descrever o que senti:

No início, com homens lagartos e fumaça, senti a origem de fogo de nossa vida. Não a vida da história ou da antropologia, pois, esta limitada, começa já sabendo geometria, já tem cultura, e é civilizada. Estou na fase anterior, do homem no fogo traçando seu caminho na natureza sempre surpreendente; com muito de desconhecido e pouquíssimo de dominado.

 Ícaro, este jovem, começa a história humana, que cabe só em nossa imaginação e não nos livros. Ao cair perde as asas e vira humano. Começa a dança da vida humana, Relembrando o espetáculo.  Situei-o antes da Babel, não na confusão de línguas, mas na formação destas. Da comunicação do homem e seu mundo. Aí aparecem os atores: o narrador, o militar, o mago, definindo a magia da vida e da morte; o palhaço com uma  companheira. O som é perfeito; a luz sem falhas e os quadros tem vida. Começou o espetáculo da existência.

Ícaro só observa a evolução. Fica no palco semi-imóvel como ator passivo do desenrolar das coisas: aguarda uma definição. Os povos nômades aparecem com suas fantasias. O Oriente, com sua musica e sua mitologia se faz presente com cantos e evoluções. É aí, que a poesia do espetáculo cria meu poema livre de espectador. Com certeza me levando da origem da vida para a vida atual do homem, eis meu poema:



Livre o ser. Na dança das formas,

Mundo estranho veio aparecer.

Sua vida de forma espiralada

Podia ser ou tudo ou nada.

Pequeno, impotente, olhava

Lhe restava à dança frenética

Que com muitas cores rodeava.



Caminhos havia. Qual seguir?

Como natureza, integrado,

Ser planta da terra, florir

Cores dum mundo deslumbrado.



Vencer o ente, viver o Ser

Não ter os limites do corpo

Mar e Terra poder vencer.

Voar... E voar... Sem nenhum escopo

Viver e flutuar, pertencer.



Podia também destruir a terra

Destruir os seres, fazer guerra

Egoísta, só ele viver.

Sair da luta, não padecer

Pois como covarde: destrói

E ignora a dor que o corrói.



Ícaro viveu a natureza.

Viu: as flores a se abraçarem

Num buque, doce sutileza,

Movimentos... A se amarem.



Viu gametas formarem plantas

 Num espiral. Então sorria

          O vazio. A cor que acalanta

          O nada fazia uma melodia

          Na terra. - Graça envolvente

 Forte e fecunda, - em seu ventre.



Outras formas evaporaram

Da carne crua e todo seu peso

Entre luzes, leves voaram

Como um vaga-lume aceso

E lumiaram com um encanto

O tapete voador. Ouve-se canto:

-Odes de louvor entoaram.



Enquanto perdido seguia

O homem cru no picadeiro

O som de Piaff o perseguia.

Ele nunca acendia o candeeiro

Do solfejo. Encontro perdido

Dos holofotes destoantes.

Grito! Solidão sem sentido

Desencontro de desejantes.



E o militar. Luz das idéias

Da marcha destrutiva. Marchar

Fazia de sua vida. Pilhérias

Na formação pronta a imolar

Tudo que em cores se formaram

Na ignorância da luz e ar

De quem quer a vida matar.



Mas o mago em trajes de luto

Ordena às lavras do vulcão

Para tragar o ser frio e bruto.

-Não teve na morte emoção-

         Palhaço! Perdeu-se no dia

Foi para noite que o seguia.



         Da terra como dom surgiu

Num movimento em contorção

Um ser. Como ele ninguém viu,

-Imita a natureza. - Chão

De onde amor puro se formava

E o novo mundo acariciava.



Ícaro chegou. - Alvo ele era. -

Juntou-se ao novo ser de alvura.

Início. Uma primavera

Novo mundo de formas puras

Num toque quase de profeta

-Que é o sonho de todo poeta. -

A vida humana começou

Na terra que a acariciou.



Pelo menos, nos vôos de meu pensamento, vou saber que a vida pode ser pura em sentimentos, como nesta evolução do circo.





30/11/2011

Tony-poeta pensamentos







                                                 










































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