domingo, 8 de janeiro de 2012

ATIRADOR DE ELITE.



Pela net vi a chamada do estadão: MATEI 255 PESSOAS E NÃO ME ARREPENDO. Verifiquei que se tratava de uma biografia de Chris Kyle, que seria lançada nos EUA com titulo AMERICAN SNIPER. Chris, um atirador de elite americano, com três viagens ao Iraque foi considerado o melhor dos atiradores, apresentando este numero assustador de execuções, a sangue frio.

Até aí nada de espetacular, a guerra mesmo distante de nosso país, encontra-se no dia a dia dos noticiários. Nas diversões: ninguém passa frente a uma cabine de tiro num parque sem experimentar sua pontaria. Nos jogos, atualmente temos vídeos que são verdadeiras simulações de guerra, onde desconfiado vejo filhos e noras passarem horas “matando” os inimigos. O “espírito” de guerra está no sangue dos humanos, aliás, de qualquer animal. O espírito de guerra é a necessidade de defender a propriedade, base para poder se alimentar e procriar.

Não lerei o livro, mas percebi que alguns pontos chamaram atenção do jornalista. É um artigo transcrito da BBC. É importante para uma reflexão sobre o ser humano.

Inicialmente o colunista ressalta o ódio, contido no livro mesclado com a benção de Deus e a seguir seu julgamento no Juízo Final. Demonstra de modo inequívoco que o atirador/autor, em termos bíblicos defendia sua Pátria/Terra de conformidade com a opinião de Deus. Temos inúmeras passagens bíblicas neste sentido, onde a busca a terra prometida é feita por guerra e aniquilação “TOTAL” dos estrangeiros que lá

 habitam. Esta articulação guerra/terra é básica na espécie humana e também em todos os animais gregários.

Mas quando o autor se refere no texto: “O lugar fedia como um esgoto. O fedor do Iraque é algo que nunca acostumei” e a seguir o texto sugere que além do cheiro estar marcado, marcava também a primeira iraquiana, sexo feminino que matou a longa distância.

 Esta associação com o cheiro, incluindo o imaginário, em situação de guerra não é comum nos relatos que nos chegam, mas é perfeitamente previsível. No processo evolutivo da espécie humana, por certo em algum período tivemos que usar todos os sentidos para sobreviver. Olhando meu cão Yorkshire, em meu apartamento, portanto fora de habitat, o sentido cheiro continua a ser básico. Lacan, este é seu nome, além de nos passeios se excitar pelas cadelas ocasionalmente em cio pelo odor característico; dentro de casa cheira todo alimento que lhe é oferecido, mesmo confiando, pelo menos penso, no dono. Marca seu local se esfregando em sofás e paredes após alimentação, como que avisasse:- Sou forte e estou bem alimentado. Em seus passeios passa bom tempo cheirando os excrementos de outros cachorros, como que avaliando a personalidade de sua vizinhança. Este comportamento é relatado em todos os animais que vivem em grupo familiar e é instintivo.

No homem, por definição do termo e também com uma boa pitada de etnocentrismo, consideramos instinto apenas o comportamento comum e automático a toda espécie. O comportamento desencadeado pelo cheiro e sua associação com a guerra não é citado Portanto não dá para classificá-lo nessa definição como tal. Mas podemos começar a considerar que existe um comportamento que em situações especiais lembrem o instinto, ou seja, de sobrevivência e multiplicação de uma espécie. Nesse caso o olfato.

No livro As Agressões de Konrad Lorenz têm um experimento com ratos. Nele é retirado um rato de uma família. A família de ratos tem as mesmas características da nossa, ou seja, pai, mãe e filhotes com cuidados necessários. O rato tem uma carga genética muito aproximada a nossa, mais ou menos 90%%. Este recém nato é colocado na ninhada de uma rata de outra família. Cada grupamento familiar deste roedor tem um numero determinado de membros e um território que defende até a morte. Não há relacionamento cordial de vizinhança com outros grupamentos. São inimigos.  Este animal trocado, quando adulto é devolvido ao grupamento de origem. É recebido, CHEIRADO, e após verificarem que ele pertence a outro grupo, portanto sem influencia da genética, é torturado até a morte com grande grau de sadismo. (lembra a morte de Kadaffi e os porões de torturas que sempre houve na história). Portanto dentre os fatores de reconhecimento do intruso ou invasor, o fator cheiro é um dos que desencadeou a punição e a morte, com finalidade de defender o grupo. Outros fatores sutis, se existentes, e pode sim haver, não temos meio ainda de examinar.

Este fator cheiro é o básico do desencadeamento da agressividade e da guerra ou ataque.

É exatamente o que foi destacado na autobiografia nosso atirador. O cheiro foi o elemento que deu suporte a todo seu assassinato serial, semelhante a animais em escala evolutiva diferente da nossa.

Esta observação nos dá base para ficarmos atentos que ofuscando a visão outros sentidos tomam força e, que a preferência a visão, como é a característica da nossa civilização atual, nos faz perder muitos ângulos de sensibilidade. É possível que com a falta de avaliação dos dados fornecidos por outros sentidos, por assim dizer, abandonados, tenhamos distorções em muitas análises sociais e cientificas hoje dadas como verdadeiras e concluídas. Devemos tomar cuidado sim, pois adormecemos muitos sentidos com o desenvolvimento de nossa civilização e apesar de dormentes eles são básicos para nossa sobrevivência e podem acordar a qualquer instante.

Agora, se guerra não é instinto é coisa semelhante. Mas que existe, existe sempre.





tony-poeta pensamentos

08/01/2012

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