quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O PALADAR E O MCDONALD


Das notícias de ontem uma me despertou atenção, apesar de não ter destaque. O Mcdonalds fechou todas as lojas na Bolívia. Lendo a matéria vi que tal fato se devia a não consumo dos lanches e não a razões políticas; pois tanto os locais de apoio a Evo Morales, como nos territórios de oposição, tais estabelecimentos tornaram-se inviáveis. Fato inédito no mundo atual.

Numa reflexão, constatei que com muita probabilidade tal acontecimento é de responsabilidade do paladar do povo andino local, que não o incorporou em seus hábitos alimentares o Bigmac, apesar da maciça propaganda VISUAL deste tipo de negócio. Até aí tudo bem se não considerarmos os antecedentes.

Os invasores Espanhóis tentaram convencer o líder Inca a adotar a Bíblia, que diria todas as verdades que o povo deste líder precisava, pela escrita, ou seja, pela visão. Conforme artigo de Boff, o líder colocou o livro na orelha, falou que nada ouviu e jogou ao chão. Foi à alegação necessária para inicio de um dos fatos mais negros da história da colonização. Esperando que a quebra da lanchonete não repita um massacre, podemos constatar muita coisa interessante referente aos sentidos.

Temos cinco sentidos principais, e outros desconhecidos e, não estudados. Temos o sentido térmico, vibratório, elétrico, sensibilidade social demonstrado em estudos controlados da prece, onde aqueles a quem foi dirigida sararam. Temos a discutida telepatia, que mesmo negada pelos humanos a vemos presente em nosso cãozinho de apartamento. Temos um inconsciente coletivo que motivam acaloradas discussões filosóficas e outros mais.

Na verdade o homem ocidental privilegia apenas e somente a visão. Pouco uso faz dos outros sentidos, como no caso o paladar que o povo andino demonstrou valorizar, do mesmo modo que anteriormente tinha destacado a audição aos invasores.

Outras sensibilidades são motivo de espanto ao Ocidental. Este, como São Tomé, só dá credibilidade ao que vê. O que acontece além são apenas apêndices de uma função maior. Por exemplo: Para estudar a depressão e ansiedade, com sua ciência avançada dirigida ao visual, mapeou a serotonina cerebral, fazendo toda sua teoria baseada no excesso e falta e classificando, sempre uma classificação visual e didática, os distúrbios. Pequeno detalhe, como o tubo digestivo primitivo dos seres vivos tinha serotonina em toda extensão, e todos os órgãos atuais incluindo o cérebro dele derivam, a temos em todo corpo, agora que as funções dos mamíferos atingiram este estágio de diferenciação. Esta substancia é rica no tubo digestivo também, este fato, mesmo conhecido, foi ignorado por não ser visível, de difícil exploração e nem o objetivo do estudo. Sua ação continua sendo ignorada nos locais não acessíveis, e caso apareça uma diarréia nervosa esta será chamada psicossomática e não se aventará origem local, pois não vemos o intestino.

A diferença de sensibilidade e de seus órgãos efetores, visíveis ou não, teima em ser desprezada; sendo os povos que mantém alguma desta diversidade, considerados atrasados. Este é o maior erro. Todas nossas funções sensíveis são de proteção a vida e podem vir a fazer falta. Mas o mais grave é ignorar a diferença entre culturas. Cada cultura teve sua evolução própria e para sua sobrevivência desenvolveu sentidos adequados incorporados como característicos do povo. A sensibilidade de cada povo dará a este a forma social de seu governo, sua família e seus costumes. A ignorância a diversidade é motivo de guerras e xenofobia como assistimos atualmente.

Espero que tal falência comercial-visual proporcione uma reflexão ao homem ocidental e que suas diferenças atuem num congraçamento respeitoso e proveitoso. Que nossa ciência, mesmo altamente desenvolvida, leve em conta que: se há outros sentidos temos outros ângulos de analise, com resultados diversos. Nunca teremos uma ciência “perfeita” sem a plena exploração de todas as possibilidades e todos os ângulos.

Não há povo mais ou menos atrasado. Temos povos com vivencias e necessidades diferentes. Impor o sentido visão em detrimento a qualquer outra sensibilidade é na verdade uma demonstração de atraso e não de progresso.



05/01/2012

tony-poeta pensamentos




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