domingo, 22 de janeiro de 2012

O SUICIDIO

                                                  
                                                         o suicídio





Ontem em OUTRAS PALAVRAS ao ler a crônica de Carol Lemos: ”culpado ele merece sofrer”: http://sn143w.snt143.mail.live.com/default.aspx?n=952852402&rru=inbox&fid=1&fav=1&mid=47c448c7-44da-11e1-94dc-002264c19752&fv=1#n=1038085531&rru=inbox&fid=2f2498e216324d3fb55ee9ef2e556265&mid=93bae1a2-448e-11e1-b699-00215ad9bd2e&fv=1 onde na FEBEM, foi isolado um rapazola que era interno, portanto em recuperação, pelo motivo de ter tomado quase um litro de desinfetante à base de soda, tentando se matar. Como nas dúvidas da autora, tal relato ficou martelando em minha cabeça.

Apesar de toda vida ler muito, o tema suicídio poucas vezes tinha me chamado a atenção. Creio que fugi realmente do mesmo. A literatura fala muito de morte, mas há quase um silêncio sobre o tema. No Dicionário de Filosofia de Abbagnano, muitos filósofos tentaram explicar, mas ora evocaram princípios mais religiosos que filosóficos e a Marx, Nietzsche e Freud parecem não se aprofundar no assunto. Como os poetas têm a grande vantagem de viajar nas idéias sem pontos de referencia, basta deixá-las fluir para que os filósofos posteriormente a pensem. Tentarei pela minha dialética poética colocar uma métrica, numa solução mais simétrica para nosso entendimento.

Primeiramente, o ser humano não consegue imaginar a própria morte. Isto já é constatado. Se ele não imagina a própria morte, o que ele imagina é como será o mundo sem ele. Até aí ponto pacífico? Não.

Estamos entrando na concepção de vida. Temos avanços e não solução. É um campo aberto para a religião e filosofia.  Seguindo a liberdade da poesia, continuemos: O ser vivo é um ser que interage com a paisagem. Ou seja. Pertence. Como?

Ao nascer, um ser jogado ao mundo (dasein-Haidegger) este tem que ocupar um espaço.. Ou seja, se fixar. (Seria o Instinto de vida – Freud, mas não foi aprofundado. O pensador se ocupou da sexualidade que vem a seguir da fixação e alimentação). Esta fixação esta relacionado com o sentimento de auto-estima. Seria a relação que tem o ser vivo, com o local onde vive incluindo os objetos, o território e as pessoas. Isto é representado pela Família, Pátria, Símbolos Nacionais. Ou seja, o solo, as pessoas e os objetos que interagem com o ser que veio jogado a comunidade. Portanto: cada ser tem a sua comunidade. O ser Universal é um ponto muito longe de se conseguir. O ser é seu local, sua pessoa e seus objetos.

Convém lembrar que neste micro mundo há uma interação. Tanto Heidegger como o Budismo e outras filosofias Orientais principalmente, crê numa união vibratória entre o ser e os elementos que o cercam. Heidegger cita que os objetos trazem a “vibração” de quem os manipulou, e que um objeto só existe se o transformamos em ferramenta (tudo o que pode proporcionar este para nosso uso ou medo) os orientais seguem a mesma linha, (algumas religiões da Ásia, África e América também) uma concepção holística onde tudo se relaciona e interage.

Portanto, com meu holismo poético, estou restringindo o Universo e o planeta a comunidade que vive o sujeito. Seria uma boa explicação para a Xenofobia, guerra, holocausto, e outras barbáries diárias da humanidade. O Holismo Oriental é uma meta a ser alcançada, não uma norma vigente. O que vigora é regional, modelo tribal.

                                                       A meu lado

                                                     Tudo é normal

                                                      O distante:

                                                      Mutilado!

Então isolando o homem na auto-estima de sua comunidade, podemos voltar ao suicídio.

Como ele, o ser, pertence física e espiritualmente aquele lugar. Pensando apenas no nascer e morrer, seu ciclo normal e existência. Ele não consegue imaginar sua própria morte, quando muito fazer fantasias da freqüência social, de sua comunidade, a seu enterro.

O ser que não se adapta ou sente-se rejeitado, (pode ser real, a sociedade o agride de alguma forma, ou distorções de suas fantasias. Todos têm fantasias, por exemplo: os sonhos) começa;

Inicialmente a ser anti-social, não conviver espontaneamente, não se integrar, não manter amizades nem relacionamentos duradouros. Pode assim permanecer por toda vida ou seguir para uma fase seguinte:

Fazer transgressões para ser notado. As transgressões, a droga, os atos contrários a sociedade que habita, são chamamentos para que seja pertencente. Ou seja, a marginalidade é problema de ajuste social. A polícia é necessária só para conter os excessos e os possíveis delírios. Quem tem que resolver o problema da criminalidade, como é o caso do adolescente citado, é a sociedade junto ao individuo. Para isto a tal fundação foi formada.

No momento que esta solução que o ser dês-adaptado não consegue ser atendido em seu grito de socorro. Tem três caminhos a seguir:

1° Juntar-se aos que estão em mesma situação e fixar nova ancoragem. Fazer um Universo de iguais, inimigos da sociedade que não os acolheu. Seriam as Organizações criminosas. (É importante notar que, não tem relação com pobreza ou riqueza. A aceitação ou não é em relação ao meio e independe das posses do ser. A Máfia segundo me consta, é da classe rica e não pobre. Os pobres que lá aderem apenas se tornam súditos aceitos pela “famiglia” e, portanto se integram.) Não mais pertencem a sociedade que os rejeitou ou que se auto-rejeitaram, competem com ela em métodos parecidos e são inimigos. Existem muitos Executivos e Políticos que atuam direta ou indiretamente nesta categoria. Vide os “escândalos” quando são descobertos.

A segunda classe é composta de pessoas que não se integraram, não se identificaram com a nova classe paralela (a do crime) que surgiu e desistem da integração. Tornam-se uma espécie de “apátridas”. Sem local de ancoragem e sem identificação de valores, serão ou andarilhos ou freqüentadores das atuais cracolândias, onde nos delírios provocados pelo isolamento e droga passam a viver como que aprisionados no único local que lhes restou. O crime, se houver, é geralmente leve e para manter a droga.

A terceira categoria é a que continua lutando pela integração. Não tem classe social, apenas dês-adaptação. Temos desde o sem-teto ao grande empresário. O movimento é o seguinte: - “Já que a sociedade não me enxerga, quero ver como ela vai se comportar com minha falta.” Este pensamento tem um componente de desafio. “Desafio a sociedade a viver sem mim” e, uma revolta: “ Já que vocês não me aceitam, vou sair e ver como vocês vão sofrer sem as coisas que fiz e vocês não notaram” O pensamento portanto está dirigido a seu núcleo e não há espaço para refletir o significado da morte. Nos não imaginamos, repito, nossa morte, mas fantasiamos nosso enterro.

É uma atitude última de desafio e revolta que leva ao suicídio ou sua tentativa. Nosso pensamento racional não o explica.  Um contato continuado para identificar o fantasma que apavora este ser, uma tentativa de re-reflexão de seu pensamento, ou seja, uma análise multidisciplinar, com ações adequadas pode ser que funcione, mas a técnica que atualmente dispomos é muito limitada.

A atitude da Instituição foi (Tentaram que ele visse o que e estava perdendo). Seria razoável em outras manifestações, mas: A manifestação do adolescente foi porque ele já perdeu. Está apenas reafirmando o motivo do protesto. Portanto totalmente inadequada.





21/01/2012

tony-poeta pensamentos














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