sábado, 4 de fevereiro de 2012

O RATO E O ESTRESSE







Como de hábito abri o computador.  A parte real do que acontece em todo planeta está visível. Desconsiderando os comentários, vendo somente a notícia, [os comentários sempre implicarão na opinião do autor, portanto sempre serão parciais]. É impossível que se tenha uma imprensa independente, se esta tiver comentaristas. Como a maioria das notícias, não será atraente se não houver comentários; só me resta procurar comentários com analistas que pensem semelhante a minha opinião.

Duas notícias chamam atenção. Uma família da Índia dá leite aos ratos, lá o animal é sagrado; aliás, em todo povo oriental é respeitado, estando inclusive no calendário chinês. A outra é no O Estado de São Paulo um teste para medir o grau de estresse, com algumas perguntas e o resultado obtido através das respostas dadas.

Existe uma estranha relação em nossa civilização Ocidental entre as duas notícias. Nosso povo tem uma repulsa inusitada de ratos e é obcecado por medir estresse, ansiedade e depressão.

Os ratos são comumente associados à ansiedade e medo.

Mas como estas noticias não relacionadas se associam? Darei meu palpite.

O rato representa a invasão do domicilio ou do ser, conforme se veja pela sociologia ou por Freud. O estresse e seus correlatos, ansiedade e depressão, demonstram a fragilidade real ou imaginária do ser humano. Vamos tentar fazer a conexão.

Os ratos têm uma sociedade em muito semelhante a nossa. Tem uma formação familiar parecida, com um casal dominante seguidos por relação de parentesco. Tem uma constituição genética quase igual a nossa, [cerca de 90%], o que faz com que as experiências de doenças e medicações sejam realizadas neles. Sujeitos, portanto a mesmas doenças que nós. Na peste bubônica, se lermos Camus, começou a ser notada pela morte dos roedores, portanto adoeceram primeiro e da mesma doença. Portanto bem próximos a nós.

Esta semelhança fez com que as populações mais voltadas à natureza, como algumas comunidades indianas, os reconhecessem com semelhantes, e assim os tratassem.

Convém lembrar que os Orientais trabalham melhor com esta associação de semelhança com os animais. Ela existe apesar de não existir métodos para estudá-la.

Fazendo um paralelo aos ratos, o homem desde a pré-história convive com cães que são considerados amistosos. É uma relação de semelhança. Para comprovar certas regiões Islâmicas tem aversão a cães, como temos dos ratos. A reprodução promiscua dos mesmos agride os conceitos religiosos, onde esta atitude é totalmente reprovável. Tal fato acarreta a rejeição: por semelhança. Tudo que é proibido é porque já aconteceu ou pode vir acontecer. Característica básica da proibição. Tal forma de reprodução a lembra. É similar, portanto.

A ciência Ocidental não reconhece este tipo de afinidade, mas ele é claramente visível.

Na sociedade Ocidental o fator medo é maior, devido a sua origem. O homem europeu vivendo em montanhas convivia no inverno, com o frio, a fome, predadores e outros homens possivelmente assaltantes. No escuro das montanhas geladas onde tudo representava perigo, aquilo que competisse com ele era de pronto elemento de temor. Imagine os ratos nos celeiros comendo a provisão de inverno. Esta competição não era importante no Oriente.

Além da disputa pelos alimentos, a nossa cultura reconhecia alguma semelhança com estes roedores. Basta ver que Mickey e Minnie têm comportamentos humanos e faz uma crítica a sociedade da America do Norte. Portanto a aversão é fruto da “semelhança” e não da diferença.  Duas maneiras diferentes de ver a mesma coisa tanto no Oriente como no Ocidente.

Aí entre a questão do estresse, ansiedade e depressão. Os dois primeiro são normais no reino animal. A vida no planeta é fruto de uma cadeia alimentar onde nenhum animal está livre de se tornar alimento a outro [incluindo o homem]. Por outro lado, não está isento de morrer por falta de alimentos, seja o elemento considerado predador ou não.

A primeira defesa que foi desenvolvida é o estresse, ou seja, poderá ser atacado a qualquer hora e morrer.  Este alerta diuturno é o que nomeamos estresse. Por outro lado há premência de conseguir o alimento e ou proteger a cria, esta antecipação de necessidades básicas vai gerar uma ansiedade: Explicando melhor- Estou ansioso porque preciso de alimentos e estou ansioso porque meu grupo pode ser atacado e destruído. A depressão seria já a admissão da incapacidade e, portanto seria patológica por natureza.

Grosso modo as populações do Ocidente e Oriente, mesmas sujeitas a estresse e ansiedade encararam de modo diverso a natureza.

Enquanto os Ocidentais, por medo, encararam como inimigos, além dos predadores as populações cujo comportamento lembra o humano. Os Orientais, com melhores condições climáticas, observaram mais e tentaram entender; isto fez com que ratos, macacos, bois e outros animais de vida gregária fossem considerados próximos e respeitados, quando não cultuados. Já os animais selvagens tentaram ser entendidos para melhor contato e controle dos humanos.

O fator medo foi realmente menos impregnante no Oriente. Uma das prováveis causas da diferença. O medo acumulado de milênios de escuro, frio e insegurança não pode, mesmo mudando a um país de clima mais ameno, ser apagado das defesas de uma espécie.

O medo se dirige a outros objetos, neles descarrega e se acentua, numa tentativa de acalmá-lo no inconsciente. Como nos ratos (O esquilo, um roedor do tamanho do rato ao invés de medo dá ternura.). Em quanto estou com medo dos ratos, não estou sendo agredido pela imagem de meus predadores reais, assim pensaria o inconsciente. Isto é classificado como mecanismo de defesa, transferimos para um fator menos agressivo e que nos é semelhante, portanto mais fácil de manejar. O fator real é atenuado, agredindo menos nosso controle interno e dando possibilidade a este de elaborar soluções.

Hoje com a globalização a diferença entre Oriente e Ocidente tende a diminuir; espero que não seja para pior.  

O estresse: chamado mal do século e a ansiedade provem daquele medo crônico inicial de nossa cultura e agravado pelas novas situações do desenvolvimento.

Com as mudanças sociais este pavor não pode ser resolvido facilmente. Não basta ir a mata procurar alimentos; tem que trabalhar, ganhar dinheiro para poder comprar para si e seus. Um risco muito maior que a vida no Inverno Alpino, O que mantém a relação de medo e as defesa necessária.

A antecipação do fracasso ou o vislumbre real do mesmo provoca a depressão, já como patologia social.

Concluindo, estresse e convívio com ratos têm tudo a ver.



04/02/12

tony-poeta pensamentos

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