domingo, 4 de março de 2012

FESTA ENTRE AMIGOS





FESTA ENTRE AMIGOS





O Tatá foi ao consultório papear. Era amigo do Dr. Simão Andrade Ribeiro que já havia sido vice prefeito na gestão do Dr. Adorcino Oliveira Lirio. Eram amigos pessoais, a política os unira. Tatá, Dr. Otávio de Barreto Prado era ex-prefeito, candidato a vice no momento e seu filho, que chamávamos de Loy, candidato a vereador.

Dr. Simão mediu-lhe a pressão, estava alta.  Nestas alturas foi transformado em doente, como era arredio Dr. Simão me chamou. Verificamos que a saúde não estava confiável e o mesmo teria que parar a campanha. Transmitimos isto a ele e o medicamos.

Tatá falou que não interromperia de jeito algum. Não iria ganhar; o candidato a Prefeito de sua chapa era fraco, mas seu filho precisava de um empurrãozinho.

Loy crescera num ambiente político com todo conforto, acabou não estudando e estava casado, mantendo a família num emprego publico estadual, onde não ganhava o suficiente. O pai queria que voltando aos contatos políticos, como vereador, o filho deslanchasse. Ficou irredutível:- Sem meu auxilio na campanha ele não se elege, dizia ele.

Tatá era realmente querido da população, na sua gestão conseguiu trazer para Marília a XI Região Administrativa. Foi um grande avanço para uma cidade, que perdera a verba da Indústria de Óleo. Mudaram para outros municípios. A lavoura passou para o Café, mais vantajoso para os agricultores e menos verbas locais. A Região Administrativa trouxe empregos e, diminuiu a dependência de Bauru que era muito grande.

O trunfo maior era a honestidade, que sabíamos ser real; saiu mais pobre da Prefeitura: manteve seus negócios, tinha uma casa boa em frente ao Tênis Clube, um carro e mais nada.

Mesmo com nossa argumentação impositiva, saiu falando que ia fazer campanha. E assim o fez por três dias. Morreu de Infarto fulminante, em cima de um palanque, na hora que falava ao público.

A amizade com o Loy continuou, Dr. Simão e eu tentamos ajudá-lo. Num curso que ministrei na FAMEMA-FUNDACENTRO para formar a primeira turma de Técnicos de Segurança do Trabalho da cidade o incentivamos e após receber o certificado Dr. Simão colocou-o no Macul, onde era médico há anos. Conversou com Dona Nair, que era a responsável. Ali faria um extra e melhoraria o ganho.

O contato com nosso técnico de segurança era fácil. Morava vizinho de muro com meu sogro, o José Jorge do Café Profeta e em frente da Maria Terezinha Coimbra, minha cunhada. Ele e sua esposa Sueli viviam em contato direto com a família da Ana. A Terezinha era casada na época com Antonio Sérgio, o Sergio, uma pessoa esforçada era muito metódico. O que era dele tinha um ciúme doentio. O que todos sabiam.

Num final de ano resolvemos reunir a família, com a do Loy e um amigo meu, o Rubens que era solteiro, na casa do Sérgio. Costumávamos nos reunir em datas especiais e aniversários. Cada um levava alguma coisa e ficávamos bebericando e papeando até de madrugada. Loy era muito falador, bom papo.

Estávamos reunidos, beliscando os salgados e bebericando. Loy tomava cerveja e como quebra gelo, uísque. Dada hora resolveu “brindar o Santo” e arremessou a bebida, o copo foi junto. Era um copo de cristal da Baviera acoplado em um suporte de prata, portanto solto. O cristal estilhaçou em mil pedaços. O desastrado falou: - Credo!  mais nada. Eu e o Rubens imediatamente olhamos para o Sérgio. As mulheres batiam papo

separado, como é costume, aliás, nunca o entendi. O anfitrião falou que não era nada, que a Couraça ou a Loja dos Presentes providenciaria outro, pegou a vassoura para juntar os cacos, por causa das crianças.

Na volta Rubens comentou que o Sergio era um cavalheiro, com a fama que carregava, diante da quebra de um cristal artesanal, ainda consola quem provocou o acidente.

Ana prontamente rebateu, o cristal era da Sueli, presente do casamento, estava apenas emprestado para a noite.

Loy morreu naquele ano de acidente na Serra de Botucatu, a trabalho da Repartição Estadual.



05/03/12

tony-poeta pensamentos







  


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