O MACACO DO CIRCO.
Dr. Érico Cardeal contou esta história com um sorriso enigmático nos lábios.
Refere que estava começando a clinicar em Marília e às três horas da manhã apareceu o dono de um circo e um macaco.
O macaquinho tinha um numero especial. Estava doente. O coitadinho estava parado quieto e parecia ter febre o dono do circo informou.
Na época não havia veterinários em Marília e, se algum visitasse a cidade era para animais de fazenda, não para um pequeno macaco. Além de não conhecer nenhum, não teria como o achar.
O dono do circo reforçou que tinha ótimas referencias de seu serviço e que, mesmo sendo médico de humanos queria que ele tratasse o macaco.
Dr. Cardeal tentou fazê-lo ver, que pelo tamanho era melhor procurar o Dr. Ademar de Toledo, ou Dr. Mendes, que como pediatra, poderia dar uma atenção melhor a referida criatura.
O dono do circo contra argumentou que não conhecia a cidade, que era madrugada e não seria certo acordar dois médicos ao invés de um. Além do mais as referencias que tinha é que: ele seria o homem certo.
Dada a insistência, o médico resolveu examinar o animal. Fico imaginando Dr. Érico que era formado em medicina francesa, onde se apalpa aparelho por aparelho, até chegar a um diagnóstico, uma medicina minuciosa e detalhista, [ele era realmente] examinando o macaquinho. Perguntei se o paciente se comportou bem.
Disse-me que sim, que o pobrezinho de tão adoentado não teve nenhuma reação mais brusca de rejeição.
Disse ainda que demorou muito mais que no humano para reconhecer a anatomia, apesar de ser parecida. Mesmo sem estetoscópio infantil conseguiu ver uma pneumonia no animal.
-O pior, disse ele, foi dosar o remédio para aquele peso. Levou mais de meia hora fazendo contas. Por fim liberou o paciente e seu dono, que foram acordar o farmacêutico para adquirir a medicação.
Perguntei se o farmacêutico saberia medicar o macaco, Dr. Érico disse que: o dono do circo falou que sabia e estava acostumado.
Alguns dias depois, na Av. Sampaio Vidal, indo ao banco encontrou o dono do circo. Este o cumprimentou afetivamente pela atenção dispensada, pediu mais uma vez desculpas pelo incomodo noturno.
Dr. Érico então perguntou:- E o macaco?
O dono do circo respondeu solene:- Morreu, eu sabia que tinha que internar, mas não tem hospital de bichos. Mais uma vez agradeceu a atenção.
Entendi então, que o sorriso maroto era a decepção de não ter curado o paciente.
03/03/12
Tony-poeta pensamentos
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