domingo, 4 de março de 2012

O MACACO DO CIRCO





O MACACO DO CIRCO.





Dr. Érico Cardeal contou esta história com um sorriso enigmático nos lábios.

Refere que estava começando a clinicar em Marília e às três horas da manhã apareceu o dono de um circo e um macaco.

O macaquinho tinha um numero especial.  Estava doente. O coitadinho estava parado quieto e parecia ter febre o dono do circo informou.

Na época não havia veterinários em Marília e, se algum visitasse a cidade era para animais de fazenda, não para um pequeno macaco. Além de não conhecer nenhum, não teria como o achar.

O dono do circo reforçou que tinha ótimas referencias de seu serviço e que, mesmo sendo médico de humanos queria que ele tratasse o macaco.

Dr. Cardeal tentou fazê-lo ver, que pelo tamanho era melhor procurar o Dr. Ademar de Toledo, ou Dr. Mendes, que como pediatra, poderia dar uma atenção melhor a referida criatura.

O dono do circo contra argumentou que não conhecia a cidade, que era madrugada e não seria certo acordar dois médicos ao invés de um. Além do mais as referencias que tinha é que: ele seria o homem certo.

Dada a insistência, o médico resolveu examinar o animal. Fico imaginando Dr. Érico que era formado em medicina francesa, onde se apalpa aparelho por aparelho, até chegar a um diagnóstico, uma medicina minuciosa e detalhista, [ele era realmente] examinando o macaquinho. Perguntei se o paciente se comportou bem.

Disse-me que sim, que o pobrezinho de tão adoentado não teve nenhuma reação mais brusca de rejeição.

Disse ainda que demorou muito mais que no humano para reconhecer a anatomia, apesar de ser parecida. Mesmo sem estetoscópio infantil conseguiu ver uma pneumonia no animal.

-O pior, disse ele, foi dosar o remédio para aquele peso. Levou mais de meia hora fazendo contas. Por fim liberou o paciente e seu dono, que foram acordar o farmacêutico para adquirir a medicação.

Perguntei se o farmacêutico saberia medicar o macaco, Dr. Érico disse que: o dono do circo falou que sabia e estava acostumado.

Alguns dias depois, na Av. Sampaio Vidal, indo ao banco encontrou o dono do circo. Este o cumprimentou afetivamente pela atenção dispensada, pediu mais uma vez desculpas pelo incomodo noturno.

Dr. Érico então perguntou:- E o macaco?

O dono do circo respondeu solene:- Morreu, eu sabia que tinha que internar, mas não tem hospital de bichos. Mais uma vez agradeceu a atenção.

Entendi então, que o sorriso maroto era a decepção de não ter curado o paciente.



03/03/12

Tony-poeta pensamentos


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