terça-feira, 20 de março de 2012

POETICO E RACIONAL


POETICO E RACIONAL




Todos têm dois seres pelo menos dentro de si: o poético e o racional. Isto é visível claramente nas histórias infantis. Vou exemplificar. Quando falamos de fadinhas, estamos na realidade nos referindo a borboletas, coloridas e alegres, nas metáforas dos contos; trazem a alegria do dia e da visão da beleza e a paisagem de paz. Juntamente com os seres que as cercam; sempre pessoas tranquilas, quando não esquilos, pássaros e a sabedoria da coruja. Dão equilíbrio.

 Se a situação aperta e as coisas não estão conformes, aparecem as mariposas, as borboletas da noite, do escondido, do obscuro com seu séquito de morcegos, sapos que coaxam a noite e aves negras anunciando tragédias e a mariposa maior, forma grande bruxa; o contrário das delicadas borboletas.

Joga as pragas do mundo e a princesa, dorme, dorme o sono dos séculos; ou seja, foge dos problemas até aparecer a solução como príncipe encantado. [Freud diria a presença paterna].

O mundo real é o que corta a fantasia, sempre corta, não há espaço para deleites. Olhemos nos animais em seu comportamento, uma mãe acariciando a cria inspira amor, está como nós no mundo da poesia, mas a aproximação de um predador, seu olhar muda, sua fascies de guerra transforma sua atitude.  Cerra os dentes, transporta rapidamente sua cria pela nuca e a coloca em lugar seguro; pronta para guerra aguarda o combate. Realmente não é mais a mãe poética da fantasia das fadas e borboletas.

O mundo real, reforçando, é o mundo da vida e da morte. O ciclo vida e morte é presente tanto nas florestas como na agencia bancária. A falha diante de um predador é igual a nossa falha em administrar a economia pessoal e da família. Ambas são mortais. É um muno de guerra e esta só tem uma regra: Vencer. De nada adianta a ONU fazer uma apologia e uma relação a crimes de guerra. Estes só se aplicarão aos perdedores, o vencedor não tem culpa nem crime, tem a vitória, apenas a vitória.

Nosso viver social é em guerra. A partir da hora que o sustento do homem parou de depender de seu contato e trato com a natureza, passou também a ter que disputar dia a dia, o alimento com outros homens. A disputa nunca é fraterna, o simples fato de disputar implica em guerra, e guerra não em regras, só vitória pela vitória.  

Aquele viver social, aquela parte poética que todo ser possui começa a ficar com dificuldade de se manifestar, muito difícil ser poeta quando se está sendo atacado. Cada ataque demanda luta, como nosso leão que a pouco acariciava a cria; ou fuga como gazela que vê a aproximação do predador. Borboletas e mariposas podem passar à vontade, nenhum dos dois a verá. A guerra desvia todos nossos sentidos para luta. A poesia de guerra não existe; apenas a poesia da vitória, após o inimigo morto. E não é instantâneo, após a vitória o ser precisa de uma descarga de todo estresse acumulado, não há poesia, temos apenas uma descarga de energia em comemoração, uma catarse não poética. Uma comemoração agressiva com louca sexualidade, orgia, álcool e por fim repouso e, se houver poesia, esta será no novo dia.

Antes a família e as religiões acordavam nosso ser poético, que mais são estas organizações,

reteirando a parte do divino, do que um código de bem viver em paz consigo e com a natureza?

Hoje, por necessidade, até ela, a Igreja, perdeu a poesia.  O chefe de família e os lideres religiosos também lutam por alimento, todos estão em guerra. Há na sociedade uma mudança que historicamente começou na Revolução Industrial; com a expulsão [foi realmente uma expulsão] do homem da terra.  Não há previsão para formação do novo homem e da nova família. Este processo de mudança [não existe mudança boa ou ruim, apenas mudança], que já está próximo de quatro séculos, poderá levar mais outros tantos para um real equilíbrio.

De momento cabe a cada um, tentar resgatar seu ser poético acuado e machucado diante de tantas agressões e fazer, ao menos a seu redor, um ambiente de poesia. Aos que nasceram poetas, que gritem seus poemas, mesmo que ninguém os escute, pois a natureza tem pressa de nossa mudança.

Vejam bem, os leões que sobreviveram, ainda conservam a poesia com seus filhotes e com certeza ainda olham as borboletas. O problema é única e exclusivamente do ser Humano.



20/03/2012

tony-poeta pensamentos

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