sexta-feira, 2 de março de 2012

PRECONCEITO DE IDADE





                              PRECONCEITO DE IDADE





Na civilização ocidentalizada há sim o preconceito de idade. Narrarei como Geriatra o mecanismo e depois relatarei fatos que aconteceram comigo como reforço..

O ser humano tende desesperadamente se manter jovem. É facilmente visível na nossa sociedade nos casamentos famosos, onde aqueles idosos que se encontram condições sociais ou culturais privilegiadas realizam casamentos, muitas vezes abandonando o velho parceiro ou parceira, com pessoas muito mais jovens, com idade para ser seu filho e muitas vezes neta.

Não se trata de um exibicionismo como o falar popular propaga, nem uma sede sexual desmedida. O individuo mais velho vê no mais jovem aquilo que gostaria continuar sendo e já foi perdido. Neste espelhamento forma-se uma paixão descontrolada, que muitas vezes termina em assassinatos, vigilância desmedida com escutas e filmagens secretas e outros mecanismos, buscando uma regressão a juventude absurda, mas no inconsciente do ator completamente lógico e válido.

Numa roda de amigos há algum tempo, não fixei as pessoas, mas sim a fala. Discutiam-se viagens e foi ventilado que na Suécia a intolerância entre jovens e idosos chegava a ponto de contenda, com uma agressividade não disfarçada. Como se sabe o País nórdico tem um dos melhores IDH do mundo, a melhor estatística e o maior numero de suicídios. Isto justifica que uma sociedade altamente organizada, a perda da função social ou produtiva acarrete uma grave descompensação e a insegurança de envelhecer provoque medo. O que em parte justificaria estes índices negativos. Quero realçar que só conheço o País de leitura e duas ou três pessoas nativas que tive contato.

É sabida na psicologia que nosso medo principal não é só a morte. Temos três elementos que se equivalem e interagem, a saber: A velhice, a Loucura e a Morte. Formam um triangulo e um angulo leva ao outro. Portanto quando pensamos em um automaticamente estamos nos reportando aos outros dois.

No contato familiar, pelo fato de amarmos nossos anciões esta relação é pouco percebida, porém plenamente existente. Na minha auto-análise, que realizo solitário há anos, notei perfeitamente que mesmo tentando ser isento, inclusive por profissão, na doença de meu pai, um câncer de próstata tive atitudes que claramente mostravam esta relação triangular. Exemplifico: Quando houve necessidade de orquidectomia (castração) no Sr. Carlos, achei que tudo bem, o mesmo estava idoso e não faria falta a ereção; mesmo a segunda esposa dele sendo mais jovem que eu. Caindo em si, um tanto tarde, já havia falecido, notei que estava entrando na relação que já conhecia. Idoso levando a loucura (falta de necessidade sexual e social) e morte que fatalmente ocorreria como de fato ocorreu com a doença em curso. Mesmo camuflada, existiu.

A origem desta distorção. Chamo esta atitude Ocidental de distorção, deve-se e tem origem no inicio das escolas filosóficas.

O Oriental em Buda ou Lao Tsé, taoísmo, consideraram que a nossa formação era composta do ser e do não ser. O fato de existir o não ser, ou seja, o vazio os orientou numa cultura longitudinal. Explico: A família tem uma constituição hierárquica que o mais velho a comanda, quando morre é substituído pelo filho mais velho e seqüencial, não há quebra da seqüência. Esta regra é seguida nos meios de produção e mesmo no que me relataram no exercício da medicina, onde por mais capacidade que tenha o jovem ele vai aguardar sua vez. Não queima etapas. É uma formação vertical (algumas culturas africanas e indígenas americanas seguem também esta estrutura.). Parte-se do não ser e o ser vai adquirindo habilidades cumulativas. Cultua-se o vazio como integração, como os dois existem não há anulação, ou seja, o idoso passa de ser a não ser. Ele sempre é e não é. Não se perde funções, acumula-se.

Na filosofia Ocidental, o não ser não existe e pensar no nada e no vazio é absurdo. A formação familiar e social é horizontal onde um pode tomar o lugar do outro a qualquer hora. Ou seja, é altamente competitiva. Isto leva que o idoso, na hora que perde o poder é alijado da competição. É aí que entra o triangulo, está perto da Morte, não é senhor de si, ou seja, perto da Loucura e está Velho. Há perda de função.

Quero realçar que a loucura é apavorante para as duas sociedades tal como a morte, mas a diferença se faz na velhice.

Isto explica que numa sociedade competitiva e organizada como a Suécia forme-se esta barreira de gerações. Ou seja, você tem de ser, pois o não ser não existe.

Esta observação foi realçada estes dias numa compra. Citarei o nome das lojas, pois, acho que a net é vista, vou postar e serve de alerta para não agravarmos o problema no país, onde ainda se encontra camuflado.

Meu Notebook está com três anos, o computador a Ana usa e é um perigo em minhas mãos. Começo a imprimir tudo que acho interessante. Portanto é bom que fique longe. Com está idade do aparelho, logo será o não ser, para acompanhar o raciocínio. Será descartado. Tenho férias em abril onde irei viajar alguns dias. Para reforçar assumi um ambulatório de psicossomática em Bertioga, Uma psiquiatra saiu, tinha duas e faltava gente. Como sempre trabalhei com esta parte no consultório aceitei que me triassem os casos de depressão e pânico. Os casos mais graves o psiquiatra cuida. O fichário é manual e há necessidade de um contato mais afetuoso com tais doentes, de modo que um computador de fácil transporte resolveria. Tem computador no Posto, mas cada dia se atende numa sala e o sistema vive dando problemas, como todos.

Havia duas hipóteses de uma máquina fácil de transporta. O tablet e o Netbook. Fui fazer um estudo. Procurei uma loja não tinha, fui a Casas Bahia onde mesmo em falta acionariam o catalogo e me forneceriam as explicações necessárias. Fui vestido de praia, onde moro, de short, camiseta de algodão e chinelo. A vendedora me atendeu com displicência, não mostrou o que queria ver e parou de me atender no meio da conversa para mostrar uma máquina fotográfica de duzentos reais a uma senhora que tinha acabado de entrar. Não quis me indignar, não compensava e julguei na hora que fosse pela roupa. Mas senti que ela concluiu que pessoas mais velhas não sabem fazer uso de computadores.

Pesquisei na internet. O tablete não ofereceria os recursos que precisava apesar do tamanho ideal do mesmo. Resolvi comprar o Netbook.

Já que estava conectado, compro pela net, pensei. A primeira loja que apareceu foi a Saraiva. Meu pai já comprava livros lá quando esta era no largo São Francisco, em frente à faculdade de Direito. Portanto idônea.

Fiz o pedido o aparelho, a capa de transporte, o mouse e os programas que não estavam inclusos. Arredondando deu 1.600,00 reais. O programado.

O site informava que poderia haver uma confirmação de compra. Achei ótimo, não conheço praticamente ninguém que não teve cartão clonado. A verificação costuma ser por amostragem, onde compras que fogem o padrão e devem sim ser confirmadas, acreditava não ser meu caso.

Quarta feira de cinzas, logo depois da compra veio um email e uma mensagem no celular para confirmação. Disquei no numero atendeu a gravação que se identificava por Sara, Dentre as opções tinha a de confirmar, nem a falar com ninguém. Não havia opção de contato pessoal.

 Voltei à página e fui teclar com o serviço de atendimento. Fui atendido lentamente por uma Jaqueline que mesmo a avisando do problema do Call Center não deu solução. No final veio uma página de avaliação, onde assinalei que não foi solucionada minha demanda e dei nota dois para o atendimento. Cheguei à conclusão que o serviço secreto de informações deveria ser estrangeiro, provavelmente de Israel, a Moussad, pois o serviço secreto do Irã ao teria nenhuma Sara ou Jaqueline.

Tinha desistido da compra. Confirmei na Net o extrato do cartão, não havia lançamento.

No outro dia, chegando do trabalho a Carlinha, moça que trabalha conosco tinha recebido um telefonema da Saraiva para que entrasse em contato. Era o mesmo telefone. Ponderei, posso ter errado na digitação de algum numero, já ocorreu.

A balsa Santos Guarujá que teria de usar se fosse comprar em Santos, às vezes demora mais do que ir a São Paulo.Telefonei. O acesso estava consertado. A agente secreta Sara me transferiu. Aguardei alguns minutos a irritante musiquinha, fui atendido por uma agente malcriada. Fez as perguntas de praxe. Começou a perguntar mais detalhes até que pediu o numero do cartão e o código de segurança. Falei que era indevido. No final da entrevista perguntei se estava tudo certo e fui informado que sim, dia primeiro seria entregue a mercadoria.

Hoje, depois de avisar a portaria, a encomenda não foi entregue. Às 23 horas recebi uma notificação de cancelamento de pedido sob a alegação que não tinha dado retorno. Interessante notar que durante o dia veio pelo menos cinco Spam da Saraiva.

Só posso atribuir o presente fato a preconceito, salvo se a funcionária estava tentando obter dados de meu cartão. Estamos caindo exatamente no problema levantado acima, onde após os sessenta o homem está em tal estado de loucura que não pode comprar um netbook. É o mesmo triangulo velhice, loucura e morte. É lamentável.



01/03/2012






















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