NA
NOITE.
Aconteceu
na radiosa nudez
Que,
como dom, doou-te a natureza
Numa
noite, que num tom de surdez
Explicou-me,
em recital, tua beleza.
Tu
como Eva toda encabulada
Vendo
o Senhor e sentindo-te nua
Sorriu.
Gerou uma explosão inexplicada,
Abalou
minh’alma, tornando-a tua.
E
teus cabelos ficaram brilhantes.
Foi
aí, então, que direito os reparei.
Teus
olhos ficaram doces, o que antes
Nunca
me apercebi, nunca notei.
Teus
seios transformaram-se num instante
Tal
qual duas colméias, bravas e imponentes,
Prontas
para alimentar todo enxame
No
mel cor de ouro, doce, quente.
E
as linhas outrora mal delineadas
Atrás
de feias roupas esconderijos
Desabrocharam,
como que encantadas
Em
tons místicos, como teu sorriso.
E
tu tornaste doce a madrugada
E
eu sorvi e desfrutei desta doçura,
E
tudo que anteriormente era nada
Criou
formas e deslumbrou na tua alvura.
10/01/1969
www.tony-poeta.blogspot.com
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