domingo, 22 de abril de 2012

O CATECISMO


O CATECISMO






Eu, João e o José Roberto fomos a Av. São João, centro de São Paulo. Estávamos indo ao sebo que ficava montado nas janelas do correio. O Correio, um prédio imponente, muito antigo, tinha como característica de as salas do subsolo serem iluminadas por janelas, que saiam pouco acima do nível da calçada. Era a ali que estava instalado o sebo. Estamos nos anos de 1960.

O sebo, além de muitos livros e revistas usadas, vendia escondido o “catecismo”. Catecismos eram pequenas revistas, desenhadas a mão, sem nenhuma sofisticação, aliás, bem rudimentar, onde nos desenhos o tio iniciava sexualmente a sobrinha ou a tia o sobrinho; sempre acompanhada de pequeno e fraco enredo. Esta publicação clandestina era proibida, muito cara para a molecada; tivemos que fazer “vaquinha” para comprar dois volumes.

As publicações que mostravam nus eram fechadas a sete chaves pelas famílias, Meu pai recebeu do consulado americano uma revista com reportagem de um campo de nudismo. Creio que levei mais de uma semana para achá-la e compartilhá-la com meus amigos. Revistas com sexo explicito como nos gibis que estávamos comprando, não existia e era tabu.

Alguns anos depois, George viajando pela Europa trouxe algumas revistas Dinamarquesas. Nela mulheres nuas expunham seus genitais. Todos acharam de mau gosto e preferiram continuar a buscar os proibidos gibis sem nenhuma qualidade de desenho e gráfica, muito inferior as revistas nórdicas com boas fotos coloridas.

Hoje, cinquenta anos depois, abrindo a internet, lembrei=me de tais gibis ao deparar-me com lindas mulheres de lingerie sorrindo na propaganda que abria a página.

Antes era mais romântico. O proibido sempre desperta desejos. Bom dia.



22/04/2012

www.tony-poeta.blogspot.com



   

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