quarta-feira, 25 de abril de 2012

O PALETÓ DO JULINHO


O PALETÓ DO JULINHO




O Julinho estava com meu paletó, era o que mostrava a foto. Um paletó xadrez de cinza com marrom. Tinha pegado emprestado há alguns anos para ir a uma festa. Usei um terno e emprestei este casaco. Nunca mais o devolveu; esquecimentos e despreocupação da juventude; além de estudarmos juntos e nos encontrarmos com frequência quase diária.

Esta foto a encontrei em minhas pastas; estava postando fotos antigas. Lembrei-me que neste dia brinquei com ele. Mas ficou com a dita peça do vestuário. Veio a falecer de hepatite C há alguns anos. Morreu jovem.

Mas, o que me chamou a atenção, a seguir da história do paletó, foi o quanto de vida a foto possuía, nela além de meu lado pessoal, também trazia algumas recordações da cidade.

Estava presente o pessoal da Medicina Preventiva da Famema. Ao redor dos anos setenta, Dr. Cassio, Dr. Elias, o Ribeiro e eu, nos dois, ainda estudantes fomos, antes do sair do sol, ao Distrito de Avencas numa Kombi da prefeitura. Era a inauguração do primeiro ambulatório Distrital da Região. Chegamos bem cedo. Havia alguns políticos.  Não me recordo quais. Foi uma cerimonia breve e partiu-se para o atendimento. Não houve inflamados discursos, nem foguetório. A importância do evento não foi devidamente mensurada. Esta inciativa pioneira hoje é uma exigência. Não mais se admite um Distrito, por mais distante que seja sem uma atenção a saúde de seus moradores. Pensar que tudo começou discreto, numa casa de três cômodos, caiada e improvisada, onde a sala de espera era a sala de visitas de algum antigo morador e os dois pequenos quartos tornaram-se consultórios. A cozinha virou posto de enfermagem e o banheiro era externo. Dois médicos fizeram os primeiros atendimentos e

Estudantes distribuíram vermífugos, única competência que possuíam na época. Nunca mais retornei ao local.

Na mesma foto encontrava-se Dr. Gustavo, Dr. Aurélio e Dr. Sakai Horita, da Pericia Médica fundada há pouco. Trabalho do Dr. Aurélio da Mota no Rio de Janeiro. Como havia deficiência de pessoal, eu e o Turato, que não aparece na foto; não lembro o motivo, fomos convidados a trabalhar como comissionados até se realizar o concurso. No ano seguinte nos dois passamos e hoje somos aposentados. Pelo curso a Mioko e o Nestor Sano conseguiram passar no concurso e foram depois para Fernandópolis, onde estão até hoje.

A vida, a vejo como uma sequencia de encruzilhadas, sem caminhos certos. Nunca pegamos o caminho errado, não há erros, apenas possibilidades. Não nos é permitido imaginar como ela seria se outro caminho trilhássemos. Cada caminho é nosso caminho, por ser o mais adequado no momento da escolha. Em cada circunstancia uma só escolha é permitida e, é a mais adequada para o momento. Não há escolhas certas ou erradas, apenas as possíveis.

Em cada caminho somos acompanhados por seres marcantes e eternos, ficarão sempre conosco, mas nos separaremos deles nas próximas encruzilhadas.  Eles ou tomarão outro destino ou, simplesmente terminarão esta jornada, mas marcarão nos companheiros sua experiência e seu afeto, sempre presentes.


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