terça-feira, 17 de abril de 2012

O PÉ DE MAMONA


O PÉ DE MAMONA








Olhei de meu terraço e o pé de mamona havia crescido.

Passei exatamente uma semana fora de casa. Fui ao casamento de meu filho caçula. Fiquei hospedado em sua casa. Como saiu de vigem de lua de mel, fiquei dono da casa em uma cidade que morei trinta anos e que tenho muitos amigos e outro filho, o Érico. O Rodrigo a Tati e a Gigi também foram, mas voltaram logo após o casório. Os parentes da Ana moram lá.

As condições de moradia são melhores que a minha. Moro em apartamento, lá é uma casa térrea, três suítes, condomínio fechado. Dá para deixar janelas e portas abertas.

A cidade tem um custo de vida bem inferior ao Guarujá. Em Marília tem produtos de alimentação que chegam a ser metade do preço que se paga aqui. Especulação a ser entendida.

A única coisa que critico é que, como aqui, tudo é feito para carros. No condomínio, de aproximadamente setenta casas, praticamente não tem área verde. Tudo são asfalto e cimento. Vi uma borboleta branca, grande passando pelo quintal, cheguei à conclusão que a mesma estaria perdida, pois não havia uma flor sequer para tirar o néctar.

Levamos Lacan, nosso filho canino. Deu uma chuva a tarde. Fazia muito calor, um tanto anormal para abril, e a pancada de chuvas foi forte e rápida. Lacan nunca tinha visto chuva olhando para rua, aqui do terraço não a vê. Estava empolgado e, olhava a enxurrada, A rua faz pequena descida, sendo a casa na parte baixa do conjunto, a água passa bem em frente. O animal ficou excitado, demonstrando claramente que queria ir até onde estava a correnteza, para conhecê-la. Tanto eu como a Ana notamos perfeitamente.

Visitamos e recebemos visitas de antigos e queridos amigos e, voltamos hoje para casa.

É muito interessante que, ao entrar, notei detalhes da casa que pouco me chamava à atenção. Assim que chegamos, o animal correu para o lugar que costuma deitar e lá ficou; como meditando. Ana foi para o canto que mais lhe agrada e lá ficou. Foi aí que notei no terreno, ainda não construído e abandonado o pé de mamona.

Os objetos animados e inanimados falam. Contam história e a ela pertencem. O ninho é individual, não há ninho melhor do que aquele que tem suas vibrações e seu viver.

Por melhor que você se hospede, nunca substituirá seu refugio.

Erram aqueles que crêem, certamente de boa fé, que o idoso, o inválido ou o dependente pode ficar em qualquer lugar, desde que tenha casa, comida e roupa lavada. Se não tiver outro jeito ele aceitará, ma sempre terá saudades do pé de mamona que vê no terreno baldio de sua janela.

Estou redescobrindo minha casa.

Boa noite.



17/04/12

www.tony-poeta.blogspot.com


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