O PÉ DE MAMONA
Olhei de meu terraço e o pé
de mamona havia crescido.
Passei exatamente uma semana
fora de casa. Fui ao casamento de meu filho caçula. Fiquei hospedado em sua
casa. Como saiu de vigem de lua de mel, fiquei dono da casa em uma cidade que morei
trinta anos e que tenho muitos amigos e outro filho, o Érico. O Rodrigo a Tati
e a Gigi também foram, mas voltaram logo após o casório. Os parentes da Ana
moram lá.
As condições de moradia são
melhores que a minha. Moro em apartamento, lá é uma casa térrea, três suítes,
condomínio fechado. Dá para deixar janelas e portas abertas.
A cidade tem um custo de vida
bem inferior ao Guarujá. Em Marília tem produtos de alimentação que chegam a
ser metade do preço que se paga aqui. Especulação a ser entendida.
A única coisa que critico é que,
como aqui, tudo é feito para carros. No condomínio, de aproximadamente setenta
casas, praticamente não tem área verde. Tudo são asfalto e cimento. Vi uma
borboleta branca, grande passando pelo quintal, cheguei à conclusão que a mesma
estaria perdida, pois não havia uma flor sequer para tirar o néctar.
Levamos Lacan, nosso filho
canino. Deu uma chuva a tarde. Fazia muito calor, um tanto anormal para abril,
e a pancada de chuvas foi forte e rápida. Lacan nunca tinha visto chuva olhando
para rua, aqui do terraço não a vê. Estava empolgado e, olhava a enxurrada, A
rua faz pequena descida, sendo a casa na parte baixa do conjunto, a água passa
bem em frente. O animal ficou excitado, demonstrando claramente que queria ir
até onde estava a correnteza, para conhecê-la. Tanto eu como a Ana notamos
perfeitamente.
Visitamos e recebemos visitas
de antigos e queridos amigos e, voltamos hoje para casa.
É muito interessante que, ao
entrar, notei detalhes da casa que pouco me chamava à atenção. Assim que
chegamos, o animal correu para o lugar que costuma deitar e lá ficou; como
meditando. Ana foi para o canto que mais lhe agrada e lá ficou. Foi aí que
notei no terreno, ainda não construído e abandonado o pé de mamona.
Os objetos animados e
inanimados falam. Contam história e a ela pertencem. O ninho é individual, não
há ninho melhor do que aquele que tem suas vibrações e seu viver.
Por melhor que você se
hospede, nunca substituirá seu refugio.
Erram aqueles que crêem,
certamente de boa fé, que o idoso, o inválido ou o dependente pode ficar em
qualquer lugar, desde que tenha casa, comida e roupa lavada. Se não tiver outro
jeito ele aceitará, ma sempre terá saudades do pé de mamona que vê no terreno
baldio de sua janela.
Estou redescobrindo minha
casa.
Boa noite.
17/04/12
www.tony-poeta.blogspot.com
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