sábado, 7 de abril de 2012

TRAPAÇA


TRAPAÇA





João entrou no bar de Justo. Comia uma empadinha. Sentou-se a mesa com Carlinhos e Robinson e começaram a conversar. Era hábito todo dia, pelas seis da tarde o trio tomar cerveja, poucas ou várias, conforme o assunto: se tinha futebol ou um deles tinha brigado com a esposa eram várias, se o dia estava chocho sem assunto eram poucas. Sempre comiam um torresmo ou alguns salgados. Levantavam e ia para casa ver o Jornal e ficar com a família. Coisa corriqueira em uma cidade de Interior de São Paulo.

Um dos assuntos preferidos era xingar o Justo; como só pagavam a conta no dia do pagamento; penduravam o mês inteiro,  nunca concordavam com o valor apresentado. Viviam dando diretas e indiretas ao dono do boteco, que só sorria.

Naquele dia não foi diferente, fizeram a rotina. Todo freqüentador de boteco tem uma rotina. Vai sempre ao mesmo bar, na mesma hora, conversa os mesmos assuntos com as mesmas pessoas e vai embora geralmente ao mesmo horário, a não ser que apareçam grandes novidades; com um roubo a banco ou uma traição na vizinhança, real ou hipotética, onde discorrem a vida do casal com detalhes que os próprios não conhecem.

Naquele dia não foi diferente. Antes do Jornal os três foram cada um para sua casa.

Fim de mês, na briga de acertar a conta; como já falei, todo mês armava-se uma, João notou uma empadinha no dia vinte.

-Justo, dia dezenove foi aniversário do meu filho, dia vinte peguei em casa a que sobrou e, vim comendo. Falou João.

-Se comias no meu estabelecimento, está na conta, falou Justo. Deveria ter pegado aqui.

-Como? E a discussão durou bem uns quinze minutos. Cobra-se ou não a empadinha. Por fim Justo falou

-Como é meu cliente, faço a gentileza de tirar. Sabia que no mesmo dia os três continuariam a consumir, como nos dias seguintes. Coisas de boteco.

Analisando a anedota. A trapaça é um modo de defesa que tivemos em épocas muito remotas. Exemplifico: Num experimento, um psicólogo deu uma banana a um jovem primata. Ele feliz foi com ela para o grupo. Obviamente, um individuo maior a tomou. Ficou sem seu alimento. Dia seguinte repetiu-se a doação, imediatamente ele se retirou a um lugar escondido e a comeu rapidamente.

Em outro experimento, treinaram-se primatas a uma tarefa, onde no final recebiam recompensa. Certo dia foi gratificado com valores diferentes, por exemplo, para uns uma banana e outros com mais. Dia seguinte estes animais não fizeram a tarefa, estavam em Greve. Deu nos jornais estes dias.

Portanto a sociedade tem a trapaça de hábito e a prevenção é sempre exercida de alguma forma.

Quem tem três filhos, ou irmãos sabe muito bem. Que se colocar um bolo na geladeira a única opção que estas crianças não irão tomar é dividi-lo igualmente.  O que chegar primeiro ou vai comê-lo por inteiro, ou vai colocar um pedaço maior como chamariz e esconder o grande para ele; ou vai esconder todo bolo.

Cabe aos adultos orientar e, mostrar que esta defesa já não mais é necessária, explicar o que é justo e, imbuir da necessidade de igualdade na sociedade.

Este seria o modo de melhorarmos uma sociedade que precisa de órgãos para ver se as mercadorias correspondem ao que é falado e a administração pública gasta fortunas, nem sempre com retorno, no mundo todo, com órgãos de vigilância a seus lideres.

Lembre a trapaça sem repressão leva ao roubo.





07/04/12

www.tony-poeta.blogspot.com


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