quinta-feira, 5 de abril de 2012

VENDO O MUNDO

VENDO O MUNDO


Era um velho:- diziam
Permanecia na sacada
A beira da calçada
Vendo a vida passar.
Se chovesse
Lá não chovia
Apenas se aquecia
Continuava a olhar.
É um velho:
Todos diziam
-Passa a vida a olhar.
O homem não se mexia
Quem passasse ele via
E continuava a olhar.
Por dentro o pobre pensava,
O certo é que ruminava,
Um triste relembrar
Nunca mentira
Nem disfarçara
Os sentimentos.
Por esta vida achava
Que todos que conhecia
Tivessem o mesmo
Pensar.
Depois de um por um
Ser traído
Começou a se calar
Pensou:- logo morro!
Convencido
Sentou para morte esperar.
E todos foram morrendo
E o velho não morria.
Tremenda ironia!
O velho se esquecendo
Que sabia falar
Ficou todo enrugado
Porem por dentro ria
Quando o jovem,
Na calçada,
Ao outro dizia:
-O velho não sabe falar.

05/04/2012




Um comentário:

  1. Reflexão profunda sobre a realidade sem meias palavras. Direto, conciso e objetivo. Belíssima poesia digna de assinatura embaixo! Bravos Poeta!

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