quinta-feira, 31 de maio de 2012

MANHÃ CHUVOSA NA BALSA


MANHÃ CHUVOSA NA BALSA.




As garças em bando se encolhem no telhado do galpão da peixaria. Os urubus estáticos nas palmeiras são estátuas, não tentam voar. Sumiram os mergulhões juntamente com as gaivotas.

O céu cinza faz sobre-Tom com as águas escuras do dia chuvoso.

Se o tempo normalmente para no Canal de Bertioga, agora tudo está parado.

Sentada, imóvel como o que a circunda, uma bela moça tem as mãos cruzadas no cabo do guarda-chuva, que se apoia ao chão. Os cabelos lhes cobrem parcialmente o rosto e os olhos semicerrados completam a expressão facial do sonhar.

O que sonha a moça bonita na manhã cinzenta?

Está em busca de sonhos ou deixou-os em casa, na longa caminhada a pé na terra molhada até a balsa?

Por que buscamos e abandonamos os sonhos e fantasias?

A vida é buscar. Mas temos que agarrar com toda força o pouco que conseguimos, para que não virem apenas sonhos, nublados e tristes.

Sonha a bela moça. Os cabelos caindo encobrindo parcialmente a face, juntamente com o cabo do guarda chuva, se uniu para ocultar o amor abandonado no cinza e, não pode este caminhar no mundo parado. Está estático como as garças no telhado.

Para a balsa. Dou partida no carro e agrido a paisagem.



31/05/12

www.tony-poeta.blogspot.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário