segunda-feira, 28 de maio de 2012

O HOMEM ESTÁTUA


O HOMEM ESTÁTUA




Tinha um homem estátua no meio do jardim vazio. Apenas um senhor de cabelos brancos e um rapaz com cabelo moicano, imitando o jogador de futebol Neimar olhavam, sem entender nada. Era quatro horas da tarde, o sol estava quente e, lá estava embaixo do sol, todo pintado de prateado um provável homem, sem nenhum movimento. Realmente estático.

Estamos fora de temporada de férias, o movimento é muito pequeno. Naquele horário passam no máximo vinte pessoas entre o embarque e o desembarque. Achei estranho.

A balsa, só tem uma para a travessia com capacidade de doze carros, acabara de sair. Tinha um carro a minha frente e mais ninguém. Não coubemos naquela viagem. Não ligo. A espera olhando o mar, a mata ao fundo e as aves aquáticas me é relaxante.

Não estava lá nem a vendedora de bilhetes, que nunca conseguiu me vender nenhum; acredito que nossa vida tem equilíbrio e se ganhar a Mega Sena o desequilíbrio será automático, prefiro ficar como sou. Ela me cumprimenta sorrindo quando esta trabalhando, chama-me de amigo e, não mais força a venda, Também a pedinte com evidente retardo mental, a quem sempre dou uma moeda, percebeu que àquela hora não era apropriada e, não está andando de carro em carro.

E o homem estátua: era homem, não tinha seios e tinha postura masculina, permanecia imóvel, com o idoso e o sósia do Neimar olhando.

A balsa em Bertioga tem dois acessos, o de automóveis, isolado por alambrados, em direção ao atracadouro; à direita, atrás da contenção tem dois quiosques, e a seguir segue a rua com as bancas de peixe.  Já ao lado esquerdo temos um imenso jardim que segue arborizado até o Forte São João. É uma distancia de perto de um quilometro. A estátua estava parada exatamente no lugar sem arvores, onde fica o acesso de pedestres.

O movimento é do seguinte modo: quem vai embarcar fica esperando perto do portão, e entra após os carros; já o desembarque as pessoas saem antes, os carros esperam até estas chegarem ao Jardim, para seguir viagem. Ele se posicionou no meio do caminho dos pedestres com a face virada para a rua. Sua visão se limitava a uma garagem, um posto de gasolina e uma loja.

Duas senhoras e quatro crianças passaram pelo local. Pararam ao lado dos dois observadores. A mãe mandou uma criança colocar uma moeda no pote, também prateado que foi colocado ao lado do banquinho prateado onde ficava.  Ele não se moveu.

 Para ver se mover, a mãe mandou a menina colocar mais uma moedinha. Bom resultado. Em movimentos de estatua, com ranger de metal com metal, não sei de onde vinha, agradeceu, estendeu a mão para a menina, pediu sua mão e a beijou carinhosamente. Todos foram embora e ficou só.

Foi ai que desceu, sentou e, tirou o celular do bolso olhando o visor. Creio que recebeu uma mensagem. A seguir ligou e começou a conversar até chegar à balsa.

Subiu no banquinho e se imobilizou em posição quase igual a anterior.

Vinte minutos após desceu muito pouca gente da embarcação. Todos olharam e passaram direto, a não ser uma moça que foi cutucar o tênis prateado, creio que para ver se era de metal.

O carro da frente entrou na balsa e o segui pensando:

- O que faz o amor!



28/05/12




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