segunda-feira, 14 de maio de 2012

vento do tempo


VENTO DO TEMPO




Sou o cronista do tempo.

Estou ao sabor do vento que bate, ora dormente, ora com força, na face de meu ser.

Não posso narrar o mundo, é amplo e desconhecido, sou apenas um vivente que sente na face o vento que bate e, alisa ou eriça os cabelos.

O vento trás folhas de afetos.

Passaria antes em uma arvore, este vento do tempo, para me cutucar?

Seria o vento da vida, a própria arvore do viver que vem acariciar ou irritar minha face estática a olhar o tempo?

Na verdade estou exposto aos ventos e seus afetos de vida.

Quando a brisa é suave às folhas veem carinhosamente acariciar minha tez, ondular meus cabelos, em acordes distantes que lembram sonhos divinais e inspiram o amor.

E no ritual do amor viajo parado, consciente elevando louvores.

Mas na hora da ventania, onde os cabelos se eriçam a face fica ruborizada e machucada, sinto nas folhas, que batem na cara com toda força, a paixão ou seu inverso, o ódio.

Os olhos irritados soltam lágrimas e se enchem de areia; cego só sinto o desprazer das folhas em avalanche batendo... batendo... perdido e ferido.

Parado, vejo-me no fundo da terra sem ação.

Não sou mais eu, apenas um coração em seu extremo, sentindo amor desmedido ou raiva assassina, com o vento a açoitar e, caminhando para o final.

Na verdade o vento é constante, apenas meu sentir que modifica o seu curso, ora com amor, ora com louca paixão ou com seu ódio e desespero.

Mas o vento da vida é um só, varia apenas o meu modo sentir de suas caricias.

A arvore, sou eu!



14/05/2012

www.tony-poeta.blogspot.com










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