VENTO DO TEMPO
Sou o cronista do tempo.
Estou ao sabor do vento que bate, ora dormente, ora com força, na face de meu ser.
Não posso narrar o mundo, é amplo e desconhecido, sou apenas um vivente que sente na face o vento que bate e, alisa ou eriça os cabelos.
O vento trás folhas de afetos.
Passaria antes em uma arvore, este vento do tempo, para me cutucar?
Seria o vento da vida, a própria arvore do viver que vem acariciar ou irritar minha face estática a olhar o tempo?
Na verdade estou exposto aos ventos e seus afetos de vida.
Quando a brisa é suave às folhas veem carinhosamente acariciar minha tez, ondular meus cabelos, em acordes distantes que lembram sonhos divinais e inspiram o amor.
E no ritual do amor viajo parado, consciente elevando louvores.
Mas na hora da ventania, onde os cabelos se eriçam a face fica ruborizada e machucada, sinto nas folhas, que batem na cara com toda força, a paixão ou seu inverso, o ódio.
Os olhos irritados soltam lágrimas e se enchem de areia; cego só sinto o desprazer das folhas em avalanche batendo... batendo... perdido e ferido.
Parado, vejo-me no fundo da terra sem ação.
Não sou mais eu, apenas um coração em seu extremo, sentindo amor desmedido ou raiva assassina, com o vento a açoitar e, caminhando para o final.
Na verdade o vento é constante, apenas meu sentir que modifica o seu curso, ora com amor, ora com louca paixão ou com seu ódio e desespero.
Mas o vento da vida é um só, varia apenas o meu modo sentir de suas caricias.
A arvore, sou eu!
14/05/2012
www.tony-poeta.blogspot.com
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