quinta-feira, 7 de junho de 2012

A BLASFÊMIA


A BLASFÊMIA



Olho de meu terraço onde pelo alto vejo a vida. Escuto um grito no ar. Procuro!

Se nos terrenos abertos, só existem condomínios de que luxo, onde este grito pode se originar?

Vejo saindo do nada, uma mulher mal trajada olhando para trás, louca a gritar,

Ninguém a persegue, no entanto segue,olhando e gritando, pondo seu grito no ar.

De onde saiu, para onde caminha no dia chuvoso e frio, onde à tarde gris parece que anoitece e, no entanto, pouco se passou do meio dia?

Que louca blasfêmia, esta pobre fêmea está a contar, qual o louco sentimento alvoroça os seus tormentos, e a põe a blasfemar?

Seu grito e revolta me faz recordar os gritos que não dei, por medo de gritar.

A sociedade tirana que domina uma hora e magoa as outras, de forma insana nos faz delirar, nos afetos cortados, nos sonhos afogados, onde não se pode chorar.

Na avalanche de regras, que faz a vida cega sem saber para onde andar, faz entender o grito, da mulher que do nada, saiu a gritar, a procura do nada, pois não tem o que encontrar.

A sociedade é de camadas acomodadas. São mandos e a adaptações; a de cima: sempre cala, não deixa a debaixo falar. Sempre agredida.  Inferiorizada com outra acima, sem domínio dês/adaptada quer recuperar sua vida. Não podendo subir, nem tampouco mandar, só resta o grito, este grito aflito onde ao excluído só resta morrer. É o grito de morte buscando o viver.

Jogo de poder, cada ser quer sempre dominar. O ser nasce líder, mas a sociedade em que vive o faz se a/sujeitar. É sempre escravo, qualquer situação, existe alguém podendo/querendo nele mandar; de tal sorte, que nesta guerra da morte, sempre ira se humilhar.

O grito louco, do nada ao nada, só pode indicar: que a vida [busca insana de poder e liderança], as frustrações acompanham o não conquistar; o ser sempre a margem [jogada ao lado de qualquer poder], sua imagem não pode brilhar; é estrela apagada, que vive no nada e, só resta gritar.

Do nada ao nada, a louca sem nome continua gritando querendo um lugar.



07/06/2012

   










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