Ocaso
Calvo.
Cambaleante na calçada,
No ocaso da vida,
Vinha.
Trazia consigo o ar dos velhos tempos
E, as recordações de tantas vidas,
Que por entre a sua passaram.
Vinha,
Caminhava triste
Pensando...
Um saco de compras nas mãos
Apenas balançava
Na cor pesada dos anos acumulados.
Um bar havia.
Era seu caminho,
Um ponto em sua rota.
Nele o som plangente do violão.
Cantava jovem.
Ali eram jovens:
Namorando,
Bebendo,
Flertando,
Escutando o pinho
Que anunciava o dia presente.
Cambaleou...
O pacote quase se lhe arrebatou das mãos
Cansadas.
Ali ele esteve em anos passados,
Em um bar qualquer,
Escutando a voz que era seu presente,
Ouvindo uma vida que se lhe abriu
Florida e cantarolante
Parou.
Escutou.
Quase rolaram lágrimas.
Cambaleou novamente
Nos passos cansados
Rumo ao ocaso
Que a vida lhe preparara.
13/03/1971
www.tony-poeta.blogspot.com
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