terça-feira, 19 de junho de 2012

OCASO


Ocaso



Calvo.

Cambaleante na calçada,

No ocaso da vida,

Vinha.

Trazia consigo o ar dos velhos tempos

E, as recordações de tantas vidas,

Que por entre a sua passaram.

Vinha,

Caminhava triste

Pensando...

Um saco de compras nas mãos

Apenas balançava

Na cor pesada dos anos acumulados.



Um bar havia.

Era seu caminho,

Um ponto em sua rota.

Nele o som plangente do violão.

Cantava jovem.

Ali eram jovens:

Namorando,

Bebendo,

Flertando,

Escutando o pinho

Que anunciava o dia presente.



Cambaleou...

O pacote quase se lhe arrebatou das mãos

Cansadas.

Ali ele esteve em anos passados,

Em um bar qualquer,

Escutando a voz que era seu presente,

Ouvindo uma vida que se lhe abriu

Florida e cantarolante

Parou.

Escutou.

Quase rolaram lágrimas.

Cambaleou novamente

Nos passos cansados

Rumo ao ocaso

Que a vida lhe preparara.





13/03/1971

www.tony-poeta.blogspot.com

.


Nenhum comentário:

Postar um comentário