terça-feira, 17 de julho de 2012

O AFETO E O CUIDAR


O AFETO E O CUIDAR.

João passou na farmácia e, comprou a melhor pílula, para não ter problema de ereção.  Foi trabalhar; a noite se encontraria com Maria.
Maria por sua vez estava indo ao Sexy-shop onde teria aulas de comportamento sexual no relacionamento. Pompoarismo e outras coisas parecidas, junto com a aquisição de roupas intimas excitantes e, alguns apetrechos, como camisinhas cheirosas e musical.
Ela não era nenhuma principiante, nem ele. Ambos já haviam passado dos trinta anos, mas o encontro era especial. Há muito se analisavam. Ela e ele executivos de empresas diferentes, os dois com desejo de formar uma união estável.
Ela bonita, com o corpo moldado conforme as revistas, com as medidas controladas e, duas faculdades, Uma posição invejável. Era exatamente o perfil que João imaginara.
Ele, com PhD. Nos EUA, falando três línguas, aspirante a cargo de diretoria, fazia musculação, surfava em finais de semana, tudo lhe conferindo um porte atlético. Era por sua vez a realização da imaginação de Maria.
Nesta entrevista de casamento, ninguém poderia falhar; daí os preparativos minuciosos.
A parte afetiva, logicamente era presente na cabeça de ambos, afinal um representava o sonho do outro, mas no momento era secundária, a performance era mais importante. A primeira impressão é a que fica; assim falavam os manuais. O afeto amor e cuidado não era o importante, na verdade passou a secundário.
Vamos supor que este casal se uniu. Formou a família. O padrão que será seguido manter-se-á, estamos na sociedade da tecnologia. Não se admite erros. O casal terá cada um seu banheiro, seu armário, manterá sua individualidade no que for possível e, no dia a dia em comum, caso um ou outro cometa pequenos deslizes; será olhado de canto de olho, que se seguirá por um período de silencio reprovador. Tudo ficará na base de calculo. Não pode haver desvio do padrão.
O cuidar cada vez mais perde espaço. A perfeição não admite cuidado, ela é matemática. Foi-se o tempo que duas pessoas iniciavam um relacionamento, para que cada um conhecesse o outro, o amparasse em suas falhas e construíssem um equilíbrio particular.
O caminho de acertos e erros não mais é admissível, as pessoas tem que estarem prontas, como um candidato a emprego. Os poucos momentos de carinho de um, tem que coincidir com a predisposição ao carinho do outro. O relacionamento se torna individualista e calculista; portanto de intensa fragilidade, a qual será sempre negada em nome da perfeição. A neurose prevalecerá no relacionamento e, não será admitida por nenhum dos dois.
Creio que a sociedade deverá voltar ao cuidar e a valorizar o afeto, senão ficará insuportável em pouco tempo. É apenas uma fase sem amor.

18/07/12
Tony-poeta




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