O CARRO
Carro corre veloz
Escorre no asfalto
Cidade percorre
Fazendas escorrem
No vidro do carro.
É carro que voa
À toa,
Destoa distante
De o vegetante viver.
Cabloco que anda
Moroso vagaroso
Pertencente à paisagem
Cabloco que vive,
Revive, rumina
A dura sina
De plantar e colher.
Caboclo todo dia absorto a estrada atravessa.
É o carro que corre...
O caboclo caminhante...
Todo dia um carro diferente,
Outra gente.
Todo dia é o caboclo
O mesmo caboclo.
E cá[o]bloco do carro
E o caboclo se auto/move
Horizontal/vertical
Cruzam-se.
Duzentos por hora
[a hora que passa]
Gasolina consome
[suor que escorre]
Carro que corre
[pito e fumaça]
Ressaca de uísque
[cuspe e cachaça]
Um/dois
A hora que passa
Um beijo
Um amasso
O carro que corre [PARA!]
Encara
O grito aflito.
Caboclo não corre
Nem anda
Desanda
Deserta da vida.
O carro olha
Se entorta
Amassa
Apenas se amassa.
27/10/1970
Apresentado em jogral pelo GETAM-MARILIA
Tony-poeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário