quinta-feira, 5 de julho de 2012

O CORINTHIANS E AS MARITACAS


O CORINTHIANS E AS MARITACAS






Ontem foi o jogo do Corinthians. Era pela taça inédita. Como torço pelo gol. Acho o gol bonito, os times como sobem e descem fica trabalhoso torcer, meio sem graça. Torço pelo gol.

Isto tem uma grande vantagem, é só olhar o jornal na TV no outro dia e eles estão lá. Sem estresse.

Comecei a fazer meus afazeres e minhas leituras, preparei o espírito de meu pequeno cão, o Lacan. Ele costuma não ter medo de alguns rojões, mas poderiam ser muitos. A TV ficou desligada.

Passou o tempo e nada. Olhei a Face, estava bem estampado: 1° Tempo 0 x 0. Silêncio.

Após algum tempo, uns gritos roucos desesperados e muitos rojões. Era gol. As maritacas começaram a reclamar e, voar com seu protesto estampado no canto. Lacan não ligou.

Mais algum tempo. Os gritos roucos que chegavam de algum local distante aumentaram, seguidos de rojões. As maritacas começaram a perder a paciência e Lacan não ligou. Conclui que era o segundo gol.

Por fim uma bateria antiaérea pipocou os ares. O jogo acabou. As maritacas estavam até roucas e Lacan foi quieto para um canto. O jogo acabou. Os torcedores estavam extravasando suas emoções, acalmando o superego, segundo Freud. Mas não precisava ser com tanto barulho: apenas rir e pular daria o mesmo efeito. Afinal na acertariam nunca externamente o mesmo, já que o tal Superego é interno. Pensei que aquela barulheira era compatível com as guerras de antigamente, onde cem mil de cada lado saiam para cortar literalmente a cabeça dos adversários e, após tingir os campos de sangue, comemoravam a vida. Isto é, os poucos que sobraram inteiros.

Meia noite e pouco acalmaram. Lacan foi dormir; as maritacas também e coloquei o despertador, iria trabalhar.

Cinco e meia da manhã escuto uma buzina de espantar boiada tocando em minha orelha. Lacan pela primeira vez latiu. As maritacas ficaram indignadas e os outros pássaros começaram a alvorada. Nunca tinha imaginado que existiam tantos passarinhos ao redor de meu prédio.

O torcedor retardatário passou rapidamente, as aves viram que era alarme falso e, voltaram a dormir para cantar no horário previsto. Lacan dormiu e eu também.

Tocou o despertador. Levantei cansado. Saí. Não havia transito; os festeiros dormiam. Fui trabalhar.



05/07/12

Tony-poeta




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