segunda-feira, 16 de julho de 2012

PAUSA E VIDA

 

PAUSA E VIDA


Cai a chuva em forma de névoa escurecendo o dia. Tudo gris e sem cor. O caminho a Bertioga tem as árvores desfalecidas e molhadas, à direita e, o mar cor de chumbo, à esquerda.
As garças, que ficam nos pequenos cursos de água, que acompanham o caminho estão encolhidas e não exibem o garbo de sua silhueta. Raros cães das casas de caiçaras fuçam o mato, talvez a procura de algum osso esquecido.
Impossível não pensar na vida, tanto passada, como futura.
Chego à divisa. O Canal está sem cor, é apenas um prateado das nuvens e brumas. Os mergulhões, que sempre agitados afundam no mar por longo tempo em busca de alimentos, estão quietos em uma árvore, olhando o canal; protegidos pela vegetação do mangue. Raras gaivotas cruzam apressadamente uma margem à outra e, somem nas folhagens.
Os barcos, como as aves, estão ancorados sem sinais de vida e, sem as aves marítimas que costumam se empoleirar em seus mastros.
A água fria faz com que peixes procurem os lugares mais fundos, onde é mais quente, e devem também estar quietos esperando o calor.
Ninguém se habitua ao frio nesta região, tem anos que ele nem aparece e, neste ano, alguns dias frios mudam os costumes e forçam a reflexão.
Uma fragata isolada, sem seu grupo, faz seu voo circular, não vê nenhuma ave com alimento para roubá-lo e, nem se atreve entrar na água fria; circula, circula e por fim penetra novamente nas nuvens e desaparece da visão.
A pausa contagia, neste momento não lembro mais de meus deveres que levaram ao caminho, mas, de meu trajeto do inicio ao fim como ser. Se não há o sol para extravazar otimismo, o cinza reporta a serenidade da introspecção. É hora de rever o momento, para no próximo sol, Em algazarra que nem as aves, no verde da vegetação e o azul das águas seguir em frente, resoluto e com objetivo de vida.
Esta é a hora de achar cor no preto e branco. É a pausa necessária para pensar.

Tony-poeta
16/07/12

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