sábado, 7 de julho de 2012

TEATRO SESC - OS SEIOS DE VITÓRIA.


TEATRO SESC – OS SEIOS DE VITÓRIA.



Vitória era a adolescente mais bonita do Ginásio, pelo menos em minha opinião, os outros colegas também compartilhavam. Loira, descendente de italianos, tinha o corpo em formação como as outras meninas da classe, mas os seios se destacavam. Eram maiores que das outras moças, o que chamava atenção dos rapazes e borbulhavam comentários.

Frequentava conosco o SESC, no grupo de jovens, aos cuidados de Dona Maki orientadora.

Próximo ao dia do trabalhador, nos foi incumbido de prepararmos alguma atividade para o evento, já que se Reuniriam naquele ano, na Av. Paulista onde o grupo exercia suas atividades, as Personalidades da Instituição. Fiquei encarregado de coordenar a preparação do roteiro.

Dona Maki, sabendo de nosso interesse pelo teatro, trouxe pequenas peças de um ou dois atos dos atores consagrados da época, para que escolhêssemos a mais adequada. Uma chamou-me a atenção e a escolhi.

Era uma peça em dois atos, infelizmente não lembro o autor, mas de grande repercussão, que em resumo se tratava do seguinte: Uma moça muito bonita entra, por engano, num escritório de Advocacia pensando se tratar de Consultório Médico. Dada à formosura desta quem a atende se faz passar por médico e começa a consultá-la. No desenrolar, no jogo de sedução coloca o ouvido nos seios da moça para auscultá-la. Foi aí que tive a fabulosa ideia. Era esta a peça. Ia eu mesmo dirigi-la e ser o advogado e Vitória a paciente que se enganou.

Falei com Vitória e esta topou. Naquela época, tínhamos saídos de classe de meninos e meninas separados. Era o primeiro contato que cada um tinha com o sexo oposto. A repressão religiosa e familiar era grande. Nenhum dos sexos sabia lidar com tal convívio. Realmente era o único modo de aproximação que eu tinha achado e, na concordância da mesma, ela também.

Não chegamos a ensaiar, Dona Maki veio, segundo ela, com a discordância da diretoria, que achava que a peça era pesada e sensual demais para adolescente. Houve a apresentação sem a peça.

Com o tempo cada um tomou seu rumo e, nunca mais vi a Vitória. Mexendo em meus papéis encontrei o poema que fiz para ocasião, para extravazar minha frustração:

                                          Teus seios são obras irreais,

                                           Confronto de sutilezas

                                           Da madrinha natureza.



                                           Teus seios não são concretos

                                           São as abstrações mais ideais

                                            De um artista perplexo.

                                            Teus seios são chispas de amor,

                                             Que saem correndo, voando

                                             E, não param jamais.  No calor

                                              Do fogo aguerrido, do fogo queimando,



                                              Da alma ardendo e, o ser remoendo,

                                              O ser encabulado, num gesto, num momento

                                               Que existe no vai e vem rebolante

                                                De teus seios, dois tormentos.



As lembranças são sempre doces e muito saudosas.







                                     

                                

       



                                

                                 


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