terça-feira, 7 de agosto de 2012

A SESSÃO DE MATERIALIZAÇÃO

 

A SESSÃO DE MATERIALIZAÇÃO.


Reuníamos-nos todo final de semana.  Tentávamos entender o sobrenatural, se eram espíritos ou uma vida em outra dimensão, que provocavam os fenômenos discutidos na época. Poderia também não haver fenômenos. Na época tínhamos o Padre Quevedo, que afirmava que tudo era fenômeno normal apenas não explicado, os hippies que acreditavam em vida paralela, o Uri Geller que apareceu na televisão entortando garfos e os espíritas e esotéricos, a qual minha família pertencia.
Éramos quatro amigos, todos ao redor dos dezoito anos. Eu, o Fernando que morava no Brooklin, o Wilson onde nos reuníamos na Rua Apeninos e o Ezequiel seu vizinho. Os livros que nos orientavam era os de meu pai, que vivia na livraria do Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento, próxima a Praça João Mendes.
Lendo procurávamos chegar a uma concentração para atingir o sobrenatural, auxiliados por um gravador Geloso, que o Wilson acabará de comprar, onde registraríamos os sons de outra dimensão.
Não estava aparecendo som nenhum; o que atribuíamos a nossa falta de prática em concentração e continuávamos a ler e tentar. Foi aí que o Fernando chegou com o convite oral para que dois de nós assistisse a uma sessão de materialização na Mooca.
Ficou acertado que iria Eu e o Fernando. Havia um preparo que antecedia o trabalho. No dia anterior não poderíamos beber alcoólicos, o que não seria problema. Não comer carne, que também não era difícil e não fumar. Isto era um grande sacrifício. O Fernando acordava a noite para dar umas tragadas e eu fumava bastante. Resolvemos diminuir o máximo possível para não atrapalhar os trabalhos.
No dia, fomos até a Praça João Mendes e pegamos o elétrico. Descemos no Cemitério Quarta Parada e dois quarteirões depois, subimos à esquerda e chegamos numa casa simples com pequeno jardim e uma entrada lateral. Apresentamos-nos e adentramos ao recinto.
Era uma pequena sala de entrada contigua a uma sala de jantar um pouco maior, uma construção antiga e simples, tudo estava cercado por panos brancos e espessos para uma vedação do ambiente, que consistia em uma série de cadeiras em fileira, ao redor de trinta, onde sentava a plateia e nos sentamos também.
Iniciado o trabalho, a médium não aparecia, ficava atrás das cortinas isolantes e alguém da família orientava a sessão. Foi colocada uma musica: Ave Maria, de fundo e feita às preces habituais: O Pai Nosso e a Prece de Cáritas.
Seguindo os trabalhos, apareceu uma luz azul, pouco menor de uma bola de ping-pong que passou por cada presente, o que observamos.
A seguir o toca-discos começou a interromper e continuar a música sempre do mesmo ponto onde esta havia parado, dando sequencia. Até aí, achei que não havia nenhuma má fé; as aparelhagens que conhecíamos na época não permitiam tais efeitos. Posteriormente o Fernando concordou comigo.
O trabalho seguia com estes efeitos quando a médium, segundo informação do orientador e, pela tosse continuada que ouvíamos passou mal. Foi nos informado que eram fluidos negativos que se encontravam no local. A luz foi acesa e todo mundo ficou nos olhando desconfiados, já que éramos os estranhos do trabalho.
  Bastante aborrecidos, tanto por não ver a materialização e pela acusação velada de olhares dos frequentadores, compramos cigarros: Continental sem filtro para o Fernando e Kingston para mim, já com filtro. Pegamos o ônibus de volta.
Foi aí que descobrimos que com o cigarro mais o ônibus ficamos sem dinheiro. Descemos na Praça João Mendes de volta. Para o Jardim Paulista era uma boa caminhada, porem viável, para o Brooklin era longa, algumas horas. Resolvemos ver se ainda conseguiríamos localizar meu pai.
Sr. Carlos Gomes, meu progenitor era proprietário do Salão Guarany. Uma tradicional barbearia no Largo Paysandu, em cima do Ponto Chic, famosa lanchonete, Era o horário que costumava fechar.
Fomos até o Paysandu e já estava fechado. Antes de voltar para casa meu pai lanchava, ora na Salada Paulista, ora na Padaria Ayrosa, ambas bem próximas. O encontramos na Padaria comendo um pedaço de Pizza.  Era uma massa bem grossa com cobertura caprichada, muito conceituada na época. Aproveitamos para comer também. Não tínhamos comido nada.
Contamos o ocorrido e juntamente com ele não chegamos a nenhuma conclusão, sobre a interrupção da música e da bolinha azul que observamos.
Pegamos o ônibus no Anhangabaú e terminou a aventura. Nosso grupo continuou a se reunir por mais algum tempo e, não fez nenhuma descoberta paranormal. Também não concluiu nada sobre nossa aventura.

07/08/12
Tony-poeta
  








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