A PAZ E A GUERRA
Lacan, meu cão estava triste e acabrunhado, perto da porta. Eu tinha acabado de entrar em casa, meio agitado. Aliás, os últimos dias foram atribulados, meu filho e esposa vieram, Ana começou a fazer alguns arranjos na casa e veio uma senhora realizá-lo. Enfim, havia sido quebrada a rotina.
Diante de minha observação, a moça que nos ajuda diariamente observou que não lhe dei o agrado. É meu costume dar um pequeno petisco quando chego e quando saio; isto sinaliza a ele que tudo está em conformidade e não tem motivos para se preocupar.
Feita a recompensa habitual, o mesmo se movimentou e voltou ao normal, realizando o que sempre fez metodicamente. Percebi que ele estava em Paz. Logicamente: a quebra da rotina seria a guerra ou o preparo para a mesma.
Paz não quer dizer Ócio. Este é não pensar e não fazer nada, necessário após excessos de trabalho ou estudo, isto é, se repor após a guerra. Já a Paz é desfrutar da calma no lugar onde estamos protegidos, livres de agressões interna e externas. Paz é tranquilidade sem perigos à vista.
Devemos nos lembrar, o ser social é um ser de guerra. Guerreamos para alcançar uma posição social no trabalho ou estudo; para conquistar um ser amado; para manter a família coesa e organizada; para progredirmos e alcançarmos objetivos nunca satisfeitos, pois sempre criamos novas demandas e partimos a luta.
Quando paramos no Happy Hour, ou no papo descontraído ou então ouvindo uma música, estamos exercendo o ócio. Já quando estamos em nosso ambiente habitual, conosco mesmo e com entes queridos, sem preocupação de sermos atacados ou atacarmos algum objetivo e, em nossa cabeça queremos apenas curtir o momento e o ambiente estamos em paz.
Porém basta uma conta de telefone com uma ligação desconhecida de dois reais para se reiniciar as demandas da guerra e a Paz foi abandonada.
Lacan sabe viver em paz, muito melhor do que nos humanos. Temos que reaprender.
21/08/12
Tony-poeta
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