PRELÚDIO.
Incerto
Vagueia
Com medo,
Vê perto
S’esguia.
Receio?
Se inclina.
Cauteloso
Olha e espia,
Não vê nada
É irreal
Perigoso...
É uma via
Prateada
Nupcial?
Então se cora
Todo vermelho
Por entre os montes
Leve s’esguia,
E treme... E chora...
E vê no espelho
Do mar, a fronte
Que inicia o dia.
Mas inda é incerto
Bambeia, tropeça,
E n’um raio fundo
Faz uma poesia,
E vê bem de perto
Que uma onda começa
A beijar o mundo
No brinde do dia.
O mar grita e se exalta
Ao ver a pura praia
Manda um brinde ardente
Em suas vagas sonoras.
A brisa que peralta
Num deleite s’espraia
Se agita e, num repente
Ergue o véu e a praia cora.
Um raio misto de rubro e ouro
Cai na floresta que sonha
Se expande, brinca e grita,
E tudo fica encantado,
Voa o mosquito, voa o besouro
Vai lá ao alto a cegonha...
O macaco o galho agita
Dança o ninho orvalhado.
Vindo a luz qual sinfonia
Começa o suave bailado,
Zig-zags doces de andorinhas
Vôos rápidos de pardais,
Tons monumentais nas poesias
De aves mil, tudo encantado,
A flor que estava quietinha
Perfuma-se muito mais.
As luzes do palco em cores
Com um modo mais brilhante
Brindam o som perfumado
De gala, e no céu as nuvens
Coloram quais lindas flores.
E, lá no azul, deslizantes
Criam passarela ao reinado
Em formas alucinantes.
Todos os instrumentos vibram
A vida começou bem no instante
Que toda tímida e encabulada
No leito nupcial, a poesia
Em raios, que puros se equilibram,
Chegou com um clarão inebriante
Com amor em formas encantadas
Brindando ao mundo na luz do dia.
08/06/1969
ANTIPODAS – Tony-poeta pensamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário