sexta-feira, 24 de agosto de 2012

prelúdio


 

 

 

PRELÚDIO.

 

 

Incerto

Vagueia

Com medo,

Vê perto

S’esguia.

Receio?

Se inclina.

 

Cauteloso

Olha e espia,

Não vê nada

É irreal

Perigoso...

É uma via

Prateada

Nupcial?

 

Então se cora

Todo vermelho

Por entre os montes

Leve s’esguia,

E treme... E chora...

E vê no espelho

Do mar, a fronte

Que inicia o dia.

 

Mas inda é incerto

Bambeia, tropeça,

E n’um raio fundo

Faz uma poesia,

E vê bem de perto

Que uma onda começa

A beijar o mundo

No brinde do dia.

 

O mar grita e se exalta

Ao ver a pura praia

Manda um brinde ardente

Em suas vagas sonoras.

A brisa que peralta

Num deleite s’espraia

Se agita e, num repente

Ergue o véu e a praia cora.

 

Um raio misto de rubro e ouro

Cai na floresta que sonha

Se expande, brinca e grita,

E tudo fica encantado,

Voa o mosquito, voa o besouro

Vai lá ao alto a cegonha...

O macaco o galho agita

Dança o ninho orvalhado.

 

Vindo a luz qual sinfonia

Começa o suave bailado,

Zig-zags doces de andorinhas

Vôos rápidos de pardais,

Tons monumentais nas poesias

De aves mil, tudo encantado,

A flor que estava quietinha

Perfuma-se muito mais.

 

As luzes do palco em cores

Com um modo mais brilhante

Brindam o som perfumado

De gala, e no céu as nuvens

Coloram quais lindas flores.

E, lá no azul, deslizantes

Criam passarela ao reinado

Em formas alucinantes.

 

Todos os instrumentos vibram

A vida começou bem no instante

Que toda tímida e encabulada

No leito nupcial, a poesia

Em raios, que puros se equilibram,

Chegou com um clarão inebriante

Com amor em formas encantadas

Brindando ao mundo na luz do dia.

 

08/06/1969

ANTIPODAS – Tony-poeta pensamentos.

 

 

 

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