quinta-feira, 20 de setembro de 2012

CONTEMPORIZAR


CONTEMPORIZAR


 

É normal na vida diária, nós mesmos ou alguém próximo com liberdade e ascendência, diante de um pequeno problema falar: - “Deixa pra lá”, ou “Vamos por Panos quentes”; em outras palavras, contemporizar e, dar o assunto com encerrado. Por ser uma coisa sem importância e corriqueira, a parte que se sentia prejudicada ficar quieta. Resolveu o problema?

A resposta é Não! O problema foi adiado e será potencializado assim que houver outra situação, às vezes menor que o anterior. O desgaste será muito maior; e pequenas situações desencadearão guerras, como vemos todos os dias nas relações familiares, de amizade ou de trabalho.

Mas, porque permanece este probleminha, aparentemente sem importância e, que foi deixado de lado?

Tudo se resume a uma questão de espaço. Cada um busca seu espaço e determina seus limites. Numa relação de casal ou num grupo de amigos estes também tem precisão e exigem respeito. Vamos ilustrar com um casal.

João e Maria casaram. Montaram apartamento, ganharam presentes. Passou a lua-de-mel. João acostumou tomar cerveja numa caneca única que ganhara. Maria chega um dia antes dele e, pega a caneca para tomar chá.

Ele ao entrar percebe, fala:

 - uso esta caneca.

- É ideal para o chá, vou pegá-la para mim. Fala ela e, continua com a caneca.

Dias depois, ao chegar, pega o copo de cerveja e não acha o pratinho que fazia jogo com a caneca que fora confiscada. Ia por, como sempre a azeitona que habitualmente acompanhava sua bebida. Estava com as bolachinhas de Maria, para acompanhar o chá.

- Usar a caneca sem o pires desfaz o jogo, alegou Maria. Ele contemporizou.

Uma semana depois Maria vai comprar determinado produto e junto com este compra uma carteirinha de R$ 30,00 com o cartão da casa. A quantia é insignificante para a renda do casal, mas começa a maior briga.

O que aconteceu é que: a invasão de espaço da caneca e do pires não foi assimilada. Tinha que ser conversada com calma e diplomaticamente estabelecer os limites. A briga é inicio de uma guerra que pode se prolongar, com desfecho ruim para ambos. Maria é consciente que invadiu espaço e João certamente, pela sua reação sabe que seu espaço foi invadido. O deixa pra lá acabou em guerra, ou seja, não foi deixado.

Vamos supor que Maria chegou com a carteira e João continuou a por panos quentes, falou; - Você não está precisando de carteira. Ela respondeu em monossílabo ou em defensiva, o que é o mais comum e, o assunto foi enterrado.

Neste caso a abertura de espaços por João, inconscientemente em Maria vai ser interpretada como sinal de fraqueza. As invasões vão prosseguir. Ele na verdade não é fraco e nem inconsciente do que está acontecendo. Provavelmente é seu modo de ver a vida, aprendido em sua casa que tem um dos membros, mãe ou pai totalitário e ele então optou pela paz.

Com o tempo vamos ter um casal que, um fala e o outro se cala. Saem para passear e só um conversa e o outro fica quieto [neste exemplo o João, poderia se Maria em outro caso]. Os amigos vão dizer:” João é um  bundão”. Este relacionamento ao invés de brigas vai a uma falta de diálogos. Pode se perpetuar, e é comum encontrarmos casais idosos onde um manda e outro obedece.  Bastante comum também é que o calado, sem prévio aviso abandone o relacionamento e, vai viver com o amante que arrumou há algum tempo. As comadres vão dizer:- “Era uma brasa encoberta.” E realmente era uma brasa sufocada.

Neste caso também faltou o estabelecimento de limites e conhecimento mutuo dos parceiros.

Devemos discutir pequenas coisas também, não é solução contemporizar. Deve ser levado em conta que o invasor sempre vai estar na defensiva, por menor que seja esta invasão. É prudente, portanto esperar um momento de descontração e, se possível iniciar o diálogo em tom de brincadeira para não virar uma guerra. Os dois sabem que não é brincadeira, mas aceitam.  A guerra uma vez iniciada, sempre se prolonga.

As relações entre amigos, menos intimas, portanto, devem seguir o mesmo padrão, senão a amizade acaba. Amigo quieto é mau sinal.

As invasões sempre acontecem, são instintivas, mas o bom senso entre os participantes e um diálogo em hora adequada, mantem o relacionamento no nível necessário.

 

Tony-poeta

20/09/12

 

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