sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DOUTOR, O SENHOR É MEDIUM?


DOUTOR, O SENHOR É MEDIUM?


 

O paciente entrou pela primeira vez no consultório do Dr. João. Este é um médico clinico, com muitos anos de trabalho e grande experiência. O profissional, antes mesmo de José sentar pergunta: - Como você está tratando a pressão alta?

- Não tenho pressão alta, responde o doente.

Após a aferição, José era realmente hipertenso.

Vem a celebre pergunta:

- O Senhor é médium?

Esta ilustração retrata um fato que por muito tempo intrigou a medicina. Realmente, temos com frequência, diagnósticos corretos pelo simples olhar ao doente. Praticamente todos os médicos que adquiriram certa tarimba têm relatos, muitas vezes complexos, de diagnósticos brilhantes, sem colocar as mãos, aparelhos ou exames subsidiários nos pacientes. Apenas com o olhar.

Este “olho clínico” tão famoso na medicina começou a ser elucidado.

Em 2001, dois cientistas italianos [Rizzolatti e Sinigaglia] trabalhando com grandes primatas, observaram que o movimento de um elemento, por exemplo: Se alimentar, era acompanhado com a mesma mimica por outro animal distante, que não se alimentava. Pesquisando descobriram um grupo de neurônio, que se denominou “Neurônios Espelhos”, dentre suas funções era antecipar fatos; por exemplo: Levantar a mão em atitude de defesa quando o outro elemento vinha agredi-lo; ou pelo lado romântico, a musa do filme preparar os lábios para o beijo “de surpresa” do galã que conversava com ela. Portanto um mecanismo de antecipação.

Esta descoberta abriu caminhos para novas investigações. Havia sim um mecanismo neuronal agindo no diagnóstico e nas ações do dia a dia, como as relatadas.

A Escola Paulista de Medicina apresentou um trabalho recente, assinado por Marcio Melo, onde tentou explicar exatamente, este diagnostico muito precoce que estamos discutindo.  Usando Ressonância Magnética cerebral, estudaram o tempo de reconhecimento por imagens cerebrais, [usando um contraste, fazem Ressonância e identificam por cores as áreas ativadas no momento do teste]. Apresentaram como teste um RX de tórax doente e outro onde foi inserida a imagem de um jacaré [dentro da imagem do RX], aos médicos voluntários da pesquisa. Foram usados médicos da faculdade. Concluíram que o tempo de reconhecimento de uma patologia, ou do jacaré inserido na imagem era praticamente o mesmo. Em ambos os casos foram feitas, dentro da pesquisa, avaliação das diferenciações possíveis da imagem apresentada. No Jacaré, com outros répteis e no RX com outras patologias. O tempo de resposta foi de 1,23 segundos para o jacaré e 1,33 segundos para a chapa com patologia.

Os resultados indicam que há sim um diagnóstico visual, sendo, altamente provável que este mecanismo, seja o que possibilite os diagnósticos rápidos, antes do contato mais intimo com o paciente.

Esta observação nos serve de alerta: o detrimento do medico clinico a favor da especialidade e o sistema de Plantões, onde se perde a individualização médico-paciente, e em cada dia é um médico diferente que presta cuidados, pode sim estar retardando e dificultando esta fase visual do diagnóstico. A visão continuada do mesmo profissional a seu doente deve dar resultados mais rápidos e, mais direcionados as novas patologias que se instalem.

Está na hora de revermos a Medicina Moderna e avaliar se ao invés de avanço houve retrocesso.

 

07/09/12

Tony-poeta

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