sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ESCREVER E AMAR


ESCREVER E AMAR


 

Sinto vontade de escrever, como sinto vontade de amar.

Acho escrever bem mais fácil, basta ter um lápis e um papel, pois ideias de amor não me faltam. Creio que pensamos em amor até na hora que estamos raivosos. Ficamos com raiva por não nos sentirmos amados: Então, com uma ideia na cabeça, por menor que seja, uma folha em branco e um lápis deslizando, o texto se avulta e toma forma, ora em prosa, na maior parte das vezes em poesia e o amor está impresso.

No amor a coisa se complica, não há lápis nem papel e a corrida é sempre incerta. O amor necessita de duas cabeças, dois momentos e duas ideias. Tudo tem que se interligar. Os momentos descompassados tem que entrar em uníssono, as ideias tem que assumirem coloridos complementares para dar uma matiza uniforme e harmônica. Os lábios tem que se sentirem, não como simples contato, mas com integração, que toque os sinos da Matriz perdida no distante vilarejo, onde o padre feche os olhos e as comadres estejam distraídas a olhar os maridos maliciosos que cortejam as vizinhas e então, no espaço dos ipês amarelos, na relva da sensibilidade, os perfumes dos sentimentos se tornam uno e o amor daí se escreve.

É muito mais fácil escrever, amar tem suas dificuldades. Mas o ideal é que os dois se juntem e, nunca mais se separem como nas histórias infantis, que prometem a eternidade.

 

29/09/12

Tony-poeta

Um comentário:

  1. " muito mais fácil escrever, amar tem suas dificuldades. Mas o ideal é que os dois se juntem e, nunca mais se separem como nas histórias infantis, que prometem a eternidade." Que expressão belíssima da arte de escrever. E amar. Parabéns, Poeta!

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