O CULPADO DA DOENÇA.
Os doentes crônicos, que são atendidos hoje em dia, trazem
uma coisa em comum na consulta: Quem é o culpado?
Geralmente vem acompanhados, e o acompanhante, sempre
reprovador começa:
- Foi porque fumou.
- Foi porque bebeu.
- Porque trabalhou de noite.
- Não fez esportes.
- Come demais. E assim por diante.
Temos que explicar que, uma doença é multi fatorial. Tem o
fator familiar e genético, os fatores de desenvolvimento, a qualidade de vida,
as condições climáticas, atmosféricas, de poluentes, a presença possível de
bactérias e assim por diante.
Costumo nestes casos fazer uma pergunta para o doente:
- Foi bom para o Senhor esta época em que saia a noite,
fumava, bebia, tomava sereno, cheirava gasolina e chegava de madrugada.
A resposta costuma ser um sorriso amarelo, com os olhos espionando
a reação de quem o acompanha.
É nesta hora que afirmo que o porquê não importa e, se foi
bom mesmo fazendo mal, deve ser guardado com carinho. Daqui para frente, não vai dar mesmo para
voltar a fazer as “loucuras”. Não é mesmo?
Temos que pensar que mesmo ante o avanço da medicina, não
sabemos quase nada. Agora, ficar jogando culpas a esmo, sem nenhuma base de
apoio, só irá piorar aquele que tentamos tratar.
A função de quem trata, tanto parentes como o pessoal que
cuida da área medica é o cuidado. Cuidar é dar alivio e trazer coisas boas, não
recriminações do passado.
Pensem nisto.
Tony-poeta
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