sábado, 20 de outubro de 2012

a decisão


A DECISÃO


 

 

Acostumado com a luta acirrada e a disputa de viver, sozinho estava com a mente fervendo, e a pressão espremendo o crânio, que não podia pensar. Tentava fazer o que sempre fizera: Racionalizar! Mas, mesmo as palavras banais embaralhavam; ficavam desconexas em sua mente. Tentava pensar, não conseguia. Ele líder, a voz que todos ouviam não conseguia pensar.

Parado, olhou aos lados: as cores esmaeceram em tons cinza. Perderam o colorido. Mundo novo estranho sem destaque.

Como pode haver um mundo sem destaques para quem sempre lutou para se destacar?

Aguçou os ouvidos, nem uma musica, nada! Afinal estava só, mas a ausência de sons era estranha. Tentava escutar o mundo e este emudeceu.

Procurou se localizar. Não estava no mundo, mas este estava presente. Estranha sensação. Como posso mudar a dimensão do pensar. Tentou raciocinar e não se reconheceu. Não era presente, nem ausente.  Perdera a dimensão de ser e estar.

Como posso decidir não estando? Perguntou a si mesmo. Não se reconheceu: vivia, mas não era. Apenas estava em algum lugar defasado do mundo que nada lhe exigia e, não havia lutas e desejos.

Parou, tentou saber quem era e se localizar; o tempo passou, não houve registro.  Já havia perdido a noção de tempo.  Será que ele existe?

Nesta madorna, perdido no nada ficou.

Um ruído de ondas começou a surgir e dançava saudoso rememorando algum lugar, já passado. Encolheu. Sorriu: em posição fetal adormeceu como um recém-nato.

 Por certo noutro dia acordaria diferente nascendo de novo. A decisão seria diferente de tudo que pensara: calma, serena, dada por um ser que não conhecia e era ele próprio. Adormeceu como criança, para nascer com novo formato.

 

20/10/12

Tony-poeta

Nenhum comentário:

Postar um comentário