AS PEQUENAS BELEZAS
Temos por hábito cultuar o que salta a nossos olhos. A
beleza está contida em coisas que se destacam a nosso olhar. Pouca atenção
damos a pequenas coisas.
Outra exigência que fazemos é que tudo seja moderno.
Excluindo os prédios históricos de cartões postais, queremos tudo em formas
compatíveis com a arquitetura atual, seja o Hospital, a padaria, o açougue e
mesmo nossa residência, o velho: Só como história e selecionado. Pouca coisa.
O Centro de Saúde de Bertioga, onde trabalho encontra-se em
um antigo edifício, era o padrão da época em que foi construído, pela
arquitetura creio se tratar dos anos sessenta. Ao atravessar a rua temos o
Centro de Especialidades, em prédio recém-construído. Nota-se certo desdém
pelos doentes, ao serem atendidos no prédio antigo; mesmo este estando limpo,
pintado recentemente e conservado adequadamente. Há certo preconceito em
relação ao prédio velho: o que é um absurdo, uma vez que cumpre com sua função.
Na verdade cada vez mais nos restringimos ao que nos salta
aos alhos, e dentro de um conceito comum.
O que me chamou atenção foi ao descer do carro, no Centro de
Saúde antigo. O jardim original deu lugar a um estacionamento, onde a grama não
cresce devido à agressão dos veículos, e as árvores, estas felizmente foram
conservadas. Fechando a porta, notei num canto escondido uma flor no máximo três
centímetros, muito branca com o miolo vermelho. Ao se aproximar, notei que este
pé, que consideramos mato, uma gramínea estava todo florido, e outras flores
também se abriam. Não era um, mas vários.
Olhando mais atentamente, em tamanho bem menor, a vegetação
rasteira tinha flores amarela, eram muitas e algumas flores vermelhas de outra
espécie, todas muito minúsculas. Aquele espaço que não chegava há um metro
quadrado formava um jardim florido, de rara beleza.
Quem visitou museus, ou observou atentamente quadros de
paisagem, já deve ter notado que o pintor mostra detalhes pequenos, que não nos
saltam aos olhos se não prestarmos atenção. Um quadro é para ser visto
atentamente e demoradamente, o pintor valoriza os pequenos detalhes e, estes
dão a harmonia do quadro.
Nossos órgãos do sentido tem um campo, abaixo e acima do
mesmo não registramos nada. Atualmente estamos diminuindo nosso campo de visão
em consequência da vida moderna. O local de trabalho, cada vez mais é longe da
moradia, nos faz perder muito tempo. No serviço e em casa ficamos em frente a
aparelhos eletrônicos, computadores e televisões, restritos a uma rotina;
perdemos todo o entorno e nos limitamos cada vez mais; ora estamos correndo,
ora estamos olhando fixo a imagens virtuais. A natureza perdeu o lugar.
Olhando este pequeno jardim, que por anos quase pisei em
cima, sem o notar, aconselho a cada um, usar mais os seus sentidos, a beleza está
em todas as coisas, não restrita ao que se destaca e, por comodismo e falta de
tempo é a única coisa que vemos.
Vamos ampliar nossa vida e não necessitamos ir longe.
31/10/12
Tony-poeta
Vivemos hoje dividindo um lindo mundo que na verdade não dividimos,só os observadores de detalhes como este tem um mundo lindo para si.
ResponderExcluirFico imaginando você observando e criando um mundo que agora esta dividindo aqui.
esta falta de sentidos acontece também de ser para ser um nunca vê o outro ser.
Tem toda razão Meu toque, estamos apenas vendo nós mesmos e perdendo o mundo. Obrigado pelos comentários sempre presentes.
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