terça-feira, 2 de outubro de 2012

CONTATO COM A NATUREZA


CONTATO COM A NATUREZA


 

 

Meus filhos eram pequenos, estava na casa de Dona Maria, minha sogra. A casa tinha um corredor que ia do portão ao quintal. A entrada na sala e, o acesso na área de serviço era feito pela direita. Este corredor era todo cimentado, havendo apenas pequena área verde no quintal, cerca de quatro metros quadrados.  Próximo à residência havia uma chácara, o restante eram ruas asfaltadas.

A casa de minha sogra era pobre em verde. Nesta pequena área de terra havia um pé de limão cravo e quatro antúrios. Na frente apenas dois arbustos e o restante garagem asfaltada, e apenas, na rua uma árvore, sempre florida, chamada Pata de Vaca, que se dizia boa para diabetes, e meu sogro volta e meia fazia chá. Tentei convence-los a plantar hera nos muros, mas não foi aceito, pois alegaram que acumulava aranhas, formigas e lagartixas.

Uma pequena cobra coral, próximo de vinte centímetros, com lindas cores passava no corredor, exatamente na hora que eu saia. A me ver começou a se arrastar depressa, em rota de fuga. Não tive duvidas, matei-a, pensando que podia haver um acidente com meus filhos. Nem me preocupei em verificar se era verdadeira ou falsa. Fui elogiado pela família, mesmo mostrando-me arrependido, além de não ver se tinha ou não veneno, podia perfeitamente, dado o tamanho, ter capturado e tê-la devolvido ao mato, ao que me chamaram de louco.

Atualmente moro em apartamento, que a área verde foi programada por paisagistas, o grande terreno que me empolgou para adquirir o imóvel, onde garças, quero-quero e outros animais frequentavam foi transformado em cimento.

Nos raros terrenos ainda não construídos que sobraram, tenho como habitantes um casal de beija-flor verde, minha corruíra e raramente um bando de Papa Capim de bico vermelho, que ficam algum tempo balançando e logo se retiram.

Mas tenho meu cão Lacan que além de amigo, foi o único contato com a natureza que me restou. Ainda tenho sentimento de culpa, matei a pobre coral que fugia sabiamente do predador homem. Os outros humanos, que nem eu, estão matando o restante.

 

02/10/2012

Tony-poeta

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