terça-feira, 13 de novembro de 2012

O JOGO

imagem google

O JOGO


 

 

O Buraco do Pedrão tinha um campo de várzea. O time era afinado, costumava ganhar todos os jogos, se bem que a torcida adversária reclamasse que o Juiz era da comunidade e, a torcida local, muito agressiva. Na verdade não permitia torcedores do outro time. Um ou outro que tinha coragem de ir assistir o jogo ficava bem no meio de torcida do Pedrão e não tinha coragem de falar nada.

O Operários, apesar de ter um bom time jamais ganhara um jogo. Alegavam que além da torcida não comparecer, havia o problema das traves.

O goleiro do Pedrão era o Pedrinho, neto do fundador da comunidade. Era baixinho, tinha um metro se sessenta. Para não fazer desfeita à tão importante figura, resolveram o problema fazendo traves sanfonadas.  As traves feitas de tubos adaptáveis, que aumentavam e diminuíam conforme a necessidade. Assim, no gol do Pedrinho esta era diminuída, ficando do tamanho de uma trave de futebol de salão e a do outro lado ficava normal. No intervalo adequavam as traves.

Jurandir, goleiro do Operários não se conformava e tinha por birra vencer o Pedrão. Era ele que marcava os jogos do time. Como se sabe: jogo de várzea é marcado no boteco.

O ponto de encontro ficava entre as duas comunidades.

No ultimo jogo, Jurandir junto ao calção levou um tubo de cola de rápida secagem; no intervalo colou a trave aumentada de modo que a mesma não diminuísse. O jogo estava zero a zero.

A torcida do Pedrão ficou agitada, a diretoria não se conformava por não conseguir diminuir a trave. Como o jogo tinha que continuar; havia sido oferecida uma taça pelo Isaias, dono do boteco e este estava presente, deram inicio ao segundo tempo.

Jurandir, na primeira bola que pegou, valendo-se do seu forte chute. Era um homem de dois metros de altura e musculoso, bateu com toda a força em direção do gol adversário, chutando do próprio gol. Como o campo era menor, a bola chegou com facilidade rente ao travessão e Pedrinho não a conseguiu alcançar, já que era baixinho. Um a zero.

Trocaram o goleiro que saiu sentindo-se injuriado, colocaram um goleiro com maior altura, mas não adiantou o jogo acabou neste um a zero.

Foi aí que o juiz agiu. Expulsou Jurandir, proibindo-o de voltar a jogar no Pedrão. Anulou o gol alegando que gol de goleiro não vale; apesar de estar na regra: mas regras podem ser mudadas, e com a pressão da torcida local o time foi embora, enquanto a direção do time do Pedrão com uma lamina de bisturi removia a cola do gol que acabara de ser sabotado criminosamente.

 

Tony-poeta

13/11/12

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