segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O ROUBO - EU VI

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O ROUBO – EU VI


 

 

Uma senhora de trinta e poucos anos roubava grama num carrinho. Eu vi. Estavam fazendo uma praça, a grama acomodada em trouxas enrolados iria ser plantada. Ela roubava duas trouxas. Quando amanheceu notei que faltavam trouxas, e lá se iam mais duas. A senhora estava bem vestida, e empurrava um carrinho de pedreiro. Iria completar o gramado.

O vigia, um pobre homem, mal vestido morava num prédio semi acabado, e sem conforto nenhum, estava empregado para vigiar. Eu sabia. Correu gesticulando que não podia roubar, tinha dono.

A senhora bem vestida xingava-o de vagabundo e tentava continuar a roubar. Eu vi, até que abandonou as trouxas e, o homem as levou para o lugar devido.

Pouco depois, eu vi de minha janela chegar a policia. A policia falava com o pobre vigia que não se intimidando buscou a carteira de trabalho. Desci revoltado.

O vigia já havia se retirado quando cheguei. Lá estavam dois policiais, mais um homem bem vestido; um outro já se retirava com uma cara bicicleta de alumínio. Só olhei. O policial perguntou da faca. O porteiro que via a cena indignado falou está aqui. Falavam mal do vigia. Eu olhava e ouvia.

O policial pediu o documento para o homem da faca. Ia colocar no relatório. Este falou que não portava.

O policial perguntou se sabia o numero do RG. Este falou. O policial anotou, sem acesso ao documento. Eu vi. Falaram novamente mal do vigia. Intervi:

- A mulher estava roubando. Eu vi. Ela é ladra.

- Não, falou o homem bem vestido, é minha irmã. Ela é doente mental.

Pensei comigo, doente mental empurrando carrinho, roubando grama.

- O vagabundo cuspiu nela, reforçou o homem.

O guarda concordou com a cabeça.

Como ninguém viu, pois só vi os dois, reforcei:

 - Mas estava roubando, eu vi.

- O guarda falou:

- Estamos resolvendo com um acordo,

O homem saiu de fininho diante do meu testemunho.

- Não vai prejudicar o vigia. Anote meu documento, falei.

Outra viatura que passava parou para dar apoio.

- Precisa de alguma coisa: perguntou o guarda que chegava ao que atendia.

- Não! Só um individuo dando problemas, falou.

- Foi à mulher que roubou, eu vi. A quem vocês se referem está trabalhando.

- Vamos resolver numa boa, entrou na viatura e saiu e a outra também.

Só então reparei que eu estava com um calção de marca que ganhei no Natal.

Quem manda o vigia ser pobre. Rico pode roubar, pois o ladrão é o outro. Se outro rico, de calção de marca, acusar a ordem é ir embora.

Prisão, só para mal vestido, vagabundo é o mal vestido.  Será que é a ordem?

Eu vi ontem.

 

13/11/12

Tony-poeta

 

 

 

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