quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

PROCURA-SE UMA MULHER


PROCURA-SE UMA MULHER


 

[anuncio a ser inserido no Estadão, assim que puder sair de graça.]

 

 Vinicius disse:

“-as feias que me desculpem, mas elas não têm vez”.

 

Acrescento eu:

- As bonitinhas também estão por fora...

Por razões óbvias:

São indefinidas.

Não sabem se são do time das feias ou das bonitas.

Se forem do time das bonitas, terão que fazer charminho,

Andar balançando,

Cheias de frescuras...

Se forem do time das feias tentarão disfarçar

Usando dois quilos de cosméticos

Por hora.

Como não se definem,

Fazem os dois e ficam chatas.

Assim, neste anuncio poema, excluo bonitinhas e feias.

Tenho o título:

PROCURA-SE MULHER BONITA.

Mas, só ser bonita não adianta,

Posso continuar:

Que saiba servir qualquer drink

E consiga toma-lo,

Sem reclamar e ficar de foguinho.

Aguente uma noite de boemia

Sem ficar abatida e abalar a beleza.

Que saiba se comportar

Tão bem no Paddock

Como no Som de Cristal,

Sendo em ambos natural.

Que discuta qualquer assunto

E tenha psicologia para entender qualquer pessoa.

[assim me entende por tabela]

Que fale um montão de línguas.

Tenha cursos universitários.

[uns dois bastam]

Fora isso:

Não fale afrescalhada,

Nem masculinizada,

Que a voz seja doce.

[como diriam os libaneses:

- que nem tâmaras.]

Como não conheço tal vegetal...

Que traga tâmaras no dia da entrevista.

Que ande macio.

[o andar tem que ser melhor que o da Garota de Ipanema,

Já está batido]

Que goste de música e poesias

E ache as minhas boas,

Não deve ser falsa.

E mais..

Seja filha única

De papai milionário

[em cruzeiros novos]

Tenha casas em:

Roma, Paris, Londres.

Nem se fala de Guarujá, Rio, São Paulo.

Tenha um Mustang

[de preferencia vermelho e preto]

[O pai esteja para apitar

E a mãe já tenha apitado,

Seria preferível que o pai

Seja banqueiro ou industrial]

Em troca ofereço:

Um poeta, eu.

As candidatas

Que preencherem fielmente

Todas estas características

Procurem-me na FAMEMA

Em Marilia

No horário comercial.

 

07/01/1971

Tony-poeta

 

 

 

 

 

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