domingo, 3 de fevereiro de 2013

A MULHER NUA


A MULHER NUA




Naldo abriu a janela do apartamento ao meio dia, acabara de acordar. A boca estava amarga com gosto de guarda chuvas ou corrimão de escada.

- Acho que exagerei no uísque! Falou sozinho.

Olhou pela janela e no terceiro prédio fronteiriço uma mulher nua arrumava a cama.

- Creio que também acordou agora, pensou. Mas está nua!  exclamou para si mesmo.

Olhou com mais vagar e mais atenção.

- Três prédios é uma boa distancia, mas está nua mesmo, falou consigo mesmo.

Olhou com mais atenção.

- Se tivesse comprado aquele binóculo veria muito melhor... Viche!!! Está até sem calcinha.

Até as índias usavam proteção. Mas era para não entrar peixinho, onde ela está não tem peixe.

Continuou olhando e, a moça displicentemente fazendo suas tarefas, vez ou outra olhava pela janela com olhar perdido.

- Parece que não é bonita, pensou, nem feia, logo remendou, é uma moça normal, mas pelada por inteiro?

- Acho que não tem marido... Pode ser que ele seja viajante...

- Já sei! Brigaram e ela está carente, por isso que está pelada.

- Mas não faz nenhum gesto de sacanagem? Será que sempre andou pelada e nunca olhei para lá?

- Será que ela me conhece?  Aqui só se anda de carro, ninguém vê os vizinhos.

A moça olhou displicentemente pela janela, prédio por prédio sem se abalar, tudo muito natural.

- Acho que me conhece, sim! Está me provocando. Vou fechar a cortina...

- Não! Vai dizer que sou boiola e estou fugindo da raia. Não, não mesmo! Ela que feche a dela...

- Poderia tentar me comunicar. Será que ela sabe a língua dos surdos? Não adianta, também não sei...

A vizinha continuava descontraída andando pelo quarto, vez ou outra olhava a janela.

- Vou pegar meu apito de futebol, o código Morse na Net e conversar... Deixa pra lá! Ela não tem jeito de saber.

- Vou passar meu telefone com os dedos...

Depois de poucos minutos...

- Ela não prestou atenção, nem dá para começar, desgraçada está me provocando e não consigo fazer nada.

Mais algum tempo e, a moça continuando com sua rotina, permanecendo nua,

- Já sei! Tenho cartolina e pincel... Foi do último jogo... Vou fazer um cartaz...

Foi até o armário no quarto, estava tudo lá. Ansioso começou a escrever sobre a mesa...

- Tem que ser bem curto para realçar as letras e dar para ler...

- Terminei... Foi até a janela e expos o breve recado:

VÁ SE VESTIR.


03/02/13

Tony-poeta




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