segunda-feira, 4 de março de 2013

O MEDO DO LACAN


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O MEDO DO LACAN


Deu um blackout perto das três horas da madrugada. Foi um apagão geral na região, com as ruas e sua iluminação, prédios, casas tudo sem uma mínima réstia de luminosidade. Nosso cão Lacan foi quem nos acordou. Não latiu, apenas demonstrava medo. Quis subir na cama, alta para um animal pequeno subir com um pulo, e lá colocada, ficou. Quieto, encolhido em nossos pés.
É pensamento de Freud que o medo é tipicamente humano e que o animal se prepara para o perigo tem um alerta: a seguir parte para luta ou fuga. Não foi o que aconteceu. O animal ficou aninhado aos pés da Ana, encolhido em uma posição típica de medo, que só veio se desfazer após duas horas, quando a luz voltou e os monitores do computador, TV e outros começaram a emitir luminosidade. Foi quando Lacan voltou a seu espaço e se acalmou.
O desconhecido provoca medo inclusive em animais; é muita pretensão humana querer reservar apenas para nós esta sensação e acreditar que um animal que sabe se movimentar em toda redondeza, sabe onde ficam seus alimentos no armário e até na geladeira, que brinca com seus objetos e os procura se estes forem escondidos, ficando angustiado pela ausência dos mesmos, seja tão insensível diante de um acontecimento inusitado que potencialmente lhe traga perigo.
Acredito que hoje seja possível rever este conceito, mesmo com a situação imprevista sendo revertida e o animal voltando ao normal, não é possível crer que durante o desenrolar da mesma não haja ansiedade e angústia. Já li pesquisas onde se desenvolveram angustias em animais por “castigos”, como choques, para estudos de comportamento ou medicação. [Parece que está sendo proibida tal arbitrariedade, o que é ótimo] Atribui-se tal “neurose” artificial a repetição de estímulos, ora se este Behaviorismo às avessas é possível, é porque o animal sente e antecipa o “castigo”, portanto prevê e tem medo.
Em se tratando de uma situação desconhecida, a reação demonstra que o animal se prepara, nem tanto para luta, mas sim se escondendo no mais forte. Oras, se esconder no mais forte é uma reação de medo, visível em qualquer criança humana. Houve sim medo do desconhecido, não a ponto de desenvolver uma neurose, pois a situação foi única [teria que ser repetitiva para provocar uma doença] e a solução não foi traumática, como no animal de experiência.
Creio que falta muito para entendermos o comportamento animal; já existem grupos como os seguidores de Konrad Lorenz e John Bowlby, buscando a comparação do comportamento animal com o humano. Os estudos estão sendo realizado em associação aos estudos de Freud. Com novos e promissores resultados. Mas, para nós que queremos ter um companheiro de estimação em casa, basta saber que ele pode ter reações muito semelhantes as nossas, incluindo amor e medo.

04/03/13
Tony-poeta

2 comentários:

  1. Verdade amado, eles também tem sentimentos como nós..humanos.
    parabéns, beijos.

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    1. Com amor e carinho vemos que eles entendem tudo. Um abraço Solange.

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