quinta-feira, 14 de março de 2013

OUTONO


imagem google

 

OUTONO


Quando passo pela estrada de Bertioga, as folhas grandes das árvores da Mata Atlântica passeiam pela estrada, levadas pelo vento. De longe não dá para definir se são vegetais ou pequenos mamíferos: é comum na madrugada carros em disparada atropelarem pequenos roedores. Não dá para definir até se aproximar.
Chegando perto, vejo que se trata de folhas mortas, caídas das árvores. Dançam com o vento contando histórias do verão e da primavera. Como dói este primeiro vento fresco do outono, presentifica o passado e dá-lhe mobilidade, fria e sem direção, ora me atropelando, ora fugindo de mim.
Triste passado que tromba e foge em nossas vidas. A minha, já próxima do ocaso, tenta não chegar ao inverno, se apavora no outono. Que adianta a folha seca lembrar os pássaros que gorjearam e os ninhos ali presentes?
A transição do outono é apenas preparação, aliás, sempre existe preparação em todas as estações; mas, talvez a do outono seja a mais dolorida, identifica nossa incerteza, tanto com o ontem, mesmo o anteontem e também o amanhã. Mostra que a vida é apenas amores caídos à beira da estrada, dançando com o vento e tristemente lembrando como fantasmas o que se foi e jamais voltará.

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