segunda-feira, 13 de maio de 2013

COTIDIANO: UMA SEGUNDA FEIRA



 
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COTIDIANO: UMA SEGUNDA FEIRA


Dia cinco de maio. A rinite está atacada, perturbou todo o domingo. É o que mais atendemos atualmente em clinica, provavelmente devido à poluição. No meu caso, tratando-se de uma enfermidade crônica o mal fica é acentuado. Hesitei, por fim tomei um comprimido para a congestão nasal com vasoconstritor. Teria que dormir bem, além da segunda ser puxada, no final do expediente tinha marcado dentista, uma ponte estava solta dificultando a mastigação. Os dentes me perturbam desde que nasceram os permanentes. Herança familiar.
O sono, como o previsto foi agitado devido ao remédio, mas melhor do que com a obstrução nasal. Levantei no horário, indisposto.
Peguei a estrada Guarujá-Bertioga via balsa, mais calma e segura apesar dos motoristas de final de semana transitar por ela fazendo tudo que o não deve. Cheguei no horário ao Centro de Saúde.
A recepção estava agitada, uma senhora idosa, uns setenta anos, desacompanhada, com sua bengala fazia escândalo. É velha conhecida nossa. Com muita malandragem e um pouco de idade acredita que fazendo escândalo terá o atendimento como acha que pode lhe favorecer, ignorando os demais pacientes. É costume no ser humano ver os direitos e esquecer os deveres; o que é reforçado pelos meios de imprensa que noticiam um só lado.
Esta senhora, como de costume deixava acabar a medicação de seu uso e, sem hora marcada ia ao ambulatório que segue um agendamento querendo ser atendida. Sempre atendemos pessoas não agendadas, apenas esta tem que aguardar. Facilitando para não haver injustiças, seria atendida, como todos não marcados que necessitassem medicação, seguindo apenas a hora de chegada, mas a paciente queria ser atendida na hora.
E bramia a bengala ameaçando as funcionárias; os demais doentes, uns por não conhecê-la iam a seu favor e outros contra. O ambiente ficou tumultuado. Há alguns meses anteriores esta senhora já havia dado uma bengalada na funcionária e, ficou por isso mesmo. Não há segurança no ambiente. Por fim a chefe de posto falou firme com ela, foi quando esta se sentou e ficou resmungando esperando o médico que a acompanha.
O espetáculo de agressividade perturbar todo o ambiente e realmente prejudica o atendimento no geral, uma vez que a medicina é feita de raciocínio e empatia, atitudes como esta prejudicam tanto o médico que ouve, como o doente que vai expor suas queixa.
Sem incidentes chegou a hora do almoço. Ainda teria outro período de atendimento a tarde. Fui almoçar.
Pelo problema dentário, não conseguiria mastigar coisas muito sólidas. Pedi um croissant e um refrigerante pensando em jantar com mais substância. Após alimentação fui comprar uma caneta, que para completar havia acabado a tinta de minha esferográfica. A quantidade de papéis manuscritos chega a ser de tal grandeza que pode ocupar mais tempo do que a atenção dada ao paciente. Certamente foi um burocrata que nunca prestou atenção no atendimento médico que fez o protocolo de atendimento. Pelo que tenho lido este procedimento é padronizado até na Europa.
Andei cem metros após a leve alimentação para comprar a caneta. Ao entrar na papelaria escutei a sola do sapato fazer barulho. Tinha se soltado. O sapato realmente era idoso, tanto que na semana anterior havia comprado um para repor. Um bonito sapatênis branco com detalhes em azul e vermelho, com se está usando. Usei por um dia durante a semana, estava justo e passou a incomodar com um leve aperto. A vendedora havia explicado que o couro laceia. No final do dia estava com câimbra no primeiro dedo do pé. Coisa inédita. Como não tenho mordomo para lacear o sapato como vi num filme, onde este usava o sapato até ficar adequado para o patrão. Voltei para o velho pensando numa solução.
Nunca comprei sapatos em Bertioga. Lembrei que na Avenida existia uma loja tipo popular, de uma só porta, tipo feirão. Poderia ter um quebra galho. Peguei o carro e me dirigi a mesma. Realmente a apresentação não era das melhores, perguntei se vendiam sapatos masculinos. A resposta foi afirmativa. Imediatamente indaguei se aceitavam cartão de crédito.
Uma vez confirmado fui verificar as alternativas. Pelo menos a vendedora era atenciosa. Nas prateleiras do lado direito havia pouco mais de uma dúzia de calçados para homens. Procurando o mais claro, estava vestindo roupa branca, achei um bege bem clarinho. Pedi o numero quarenta e um. Pensava no outro, o da câimbra, que era quarenta. Não iria arriscar novo desconforto. Ficou um pouquinho largo. Tudo bem. Fui pagar, não tinha visto o preço, nem me ocorrera esta ideia.
A gentil vendedora falou: Sessenta e oito reais. O anterior passara de duzentos. Era uma pechincha. Mandei acionar o débito, me foi dado então, sem pedir três reais de desconto. Joguei o velho fora na loja mesmo e fui para o turno seguinte.
Cheguei exatamente no horário no dentista. Este olhou a peça, era nova e ele mesmo havia feito.
-Não foi a peça, falou ele, rachou a raiz do dente, pode ser alguma mordida em coisa dura. Não dá para fazer nada agora. Tenho que pedir uma panorâmica da face e daí me orientar no que vou fazer.
Pensei que o tratamento anterior já havia custado uma nota, tanto é que o Imposto de Renda me mandou para malha fina e estava pedindo para levar os recibos para comprovar. Quando se trata de despesas de saúde, sempre acham que há irregularidades. O Laboratório já havia fechado, passava das dezoito horas. Ficaria para o dia seguinte.
Pelo menos o sapato estava tão confortável como o velho. Liguei para casa e pedi que preparassem uma sopa.

Tony-poeta
13/05/13

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