sexta-feira, 31 de maio de 2013

VIVER, UM JOGO DE FANTASIAS



 
imagem google


VIVER, UM JOGO DE FANTASIAS.

Um recém-nascido ouve atentamente a voz de quem cuida; olha, observa e, finalmente para alegria dos cuidadores, sorri.
Simultaneamente, conforme seus movimentos vão se soltando ele se auto examina, fica longo tempo olhando suas mãos, seus pés; ou seja, conhecendo seu corpo. Tem por fim momentos de alegria espontânea com grunhidos e sorrisos sem que percebamos o motivo.
Cedo percebe que molha ou suja as fraldas e sente que o incomoda. Chora pedindo socorro.
Tudo é conhecimento. Vamos examinar um povo primitivo que sempre sentou no chão; se levarmos a este grupo uma cadeira, de início só despertará curiosidade e será considerada inútil. Ao ver que nós sentamos nela, olharão com desdém julgando desnecessária, já que o chão está disponível o tempo todo.
Tudo tem uma apresentação no viver. Esta é à base de nossa existência.
Nossa vida é um jogo de objetos, o objeto que denomino Eu ao se encontrar frente a outro objeto, movido pela necessidade, vai procurar a utilidade do mesmo segundo a suas demandas. Inicialmente o contato é com o próprio corpo e as pessoas, já que se nasce totalmente dependente. Este primeiro contato não é livre de raciocínio, as crianças não só choram quando tem fome e riem quando chega o cuidador, mas sentem frio, sensação de abandono, de insegurança com um cuidador relapso e de conforto quando as demandas de seu objeto corpo são atendidas.
Com o desenvolvimento, e acontece bem cedo, estará pronto para caminhar no mundo. A ordem do Universo é caminhar, sempre caminhar, sem objetivo Universal. Cada um faz seu caminho e não há fim possível, pois a caminhada sempre será interrompida com o retorno a força primitiva que deu o primeiro impulso. A caminhada que não conhecemos o que a inicia, não tem objetivo, nem fim; é apenas caminhar.
Ao contatarmos os objetos teremos inicialmente alguns registros. Só podemos considerar três, dada a nossa limitação intelectual no momento, certamente existem outros.
De inicio imaginamos o objeto que está a nossa frente, o imaginamos, pois nossa capacidade visual e tátil é limitada e incompleta. Criamos um Registro Imaginário. Em posse deste, ampliamos e muito as propriedades de nossa descoberta e juntamos a nossa aspiração de grandeza, já que como únicos somos soberanos. Criamos o Registro Simbólico onde o elemento contatado irá se juntar a nossa ideia de poder total.
Entre estes dois Registros, criamos o Registro Real, onde esta junção dos dois anteriores orienta nosso caminhar; não é preciso dizer que ante duas fantasias não chegaremos nunca a uma realidade e, passaremos toda caminhada a fazer a junção do objeto que temos em mãos com todas as virtudes que lhe atribuímos, ao objeto que imaginário acolhe nossas fantasias e ainda simboliza nosso poder absoluto no mundo. Como resultado deste encontro poderíamos desfrutar do gozo total do momento.
Como cada humano é em si um objeto e é impossível a qualquer um deles viver isolado, nossa característica é grupal e, sem o grupo somos claudicantes e não caminhamos. Cada encontro com o outro é uma relação de objetos de imaginário e simbólico diferente. Este encontro é sempre de medo mutuo. Todo humano teme o outro. Como o contato é obrigatório, dada às deficiências de cada um, tateamos e buscamos; cada um por seu lado, pontos em comum para fazer a ancoragem. Pode ser um hábito, um time de futebol, um partido politico e daí reconhecer o outro e com ele conviver. Basta uma palavra destoante de qualquer um das duas partes para a animosidade se refazer.
É neste encontro de fantasias diferentes e incertas que constituímos um grupo e vivemos; caminhando até o final, sempre breve, do ser isolado.
Resumindo vivemos nossas fantasias.

30/05/13
Tony-poeta

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