terça-feira, 16 de julho de 2013

GIGI E A BONECA QUE LAMBE



 

GIGI E A BONECA QUE LAMBE.


Dia nublado e fresco, Gigi passa férias conosco. A levamos para passear como sempre no Shopping, onde há o que fazer.
Dirigimo-nos à loja de brinquedos, é a atração de todos que lá se dirigiram com seus netinhos e netinhas. Parecia que todos tiveram a mesma ideia.
Estrategicamente colocada estava a boneca que lambe sorvete. Já a conhecia; tinha sido divulgada em um anuncio na TV paga no canal infantil, Gigi foi direto nela, tem países que este tipo de propaganda é proibido, os olhinhos brilharam,
- É a boneca que mostra a língua Gigi.
- Não vovô, ela lambe, respondeu a menina.
Eu e Ana olhamos as especificações, Gigi está perto dos cinco anos, ainda não lê. Parecia uma boneca simples, muito simples e com um preço não condizente, será que cobravam o mecanismo de chupar o sorvete? Convencemos a menina a olhar melhor, a loja era grande e tinha muita coisa para ver.
Mais para frente havia um Autorama completo, vários carrinhos de corrida. No meu tempo não havia nada disso; quando meus três filhos homens eram pequenos comprei o primeiro Ferrorama que saiu; não deu certo: eles jogavam muito, chegaram a se machucar jogando xadrez, isto é, uma peça no outro, isto quando estavam em desvantagem. O Ferrorama quebrou rapidinho, não deu nem para ampliar. Gigi era meiga e compreensiva,
- Gigi que tal levar este? Mostrando o Autorama.
- Não vovô
- Dá para disputar corridas.
- Não gosto de corridas.
- Olha os carros de corrida.
- Carro é de menino, sou menina.
Voltamos à boneca e levamos ao vendedor.
- O Senhor abre para testar, pedimos.
- Já vem testada de fábrica.
- Queremos confirmar.
- Querem que abra a caixa?
- Sim!
Olhou desconfiado, ficou hesitante, por fim,
- Vão levar a boneca?
- Sim, claro!
Ao abrir a embalagem percebi o motivo da má vontade em demonstrar o produto. Além de simples, como já tinha notado, o mecanismo era o seguinte, na hora que você leva a mamadeira à boca ela mostra a língua. Um mecanismo simples. Bastava um barbantinho. Ele não abria a caixa, pois o comprador desistia. Ana observou a Gigi.
- Não dá para tirar o vestido.
Lembrei-me de Marizilda, minha irmã, só queria bonecas peladas. Morreu sem me explicar o motivo. Quando tinha a idade da Gigi pediu uma boneca negra pelada, deve ter dado muito trabalho a meu pai. Foi conosco e a boneca no almoço de Primeiro de Ano no cliente de meu pai, eram os primeiros anúncios das cantinas de Treze de Maio no Bexiga.  Uma casa adaptada, simples iniciando o que viria a ser ponto de referencia da cidade. O Sr. Giglio nos deu uma mesa e ela ficou todo almoço com a boneca pelada no colo.
- A vô faz um agasalho e uma calça comprida para ela, argumentou Gigi, muito rápida em raciocínio.
Agora minha netinha está com meu grampeador, clips, durex e outros materiais de escritório fazendo uma cama com a caixa para a boneca que lambe.
O autorama continua na loja e eu estou de volta ao computador.

Tony-poeta
16/07/13

Nenhum comentário:

Postar um comentário